Jornal do Carro
O enredo da prisão e demissão de Carlos Ghosn da posição de destaque no comando da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi não para de desenrolar. Depois da primeira prorrogação, por dez dias, a justiça de Tóquio acatou um pedido para prolongar novamente a prisão.
Agora, o executivo franco-brasileiro de descendência libanesa ficará na cadeia, ao menos, até o dia 10 de dezembro. O motivo são as acusações de ter usado filiais da Nissan para dissimular pagamento de quase US$ 18 milhões para a compra de um imóvel de luxo no Rio de Janeiro, além de uma casa em Beirute, no Líbano.
Segundo uma fonte ligada à agência AFP, as ocultações de rendimentos e fraudes fiscais cujas acusações vão de 2010 a 2015 poderiam, na verdade, ter começado em 2009 e sido mantidas até o ano passado.
Demissão na Nissan e na Mitsubishi
Na última semana, duas das três empresas da aliança votaram pela demissão de Carlos Ghosn da presidência do conselho e do cargo de CEO. A Nissan tomou a decisão na quinta-feira (22) e a Mitsubishi, na segunda-feira (26). Por enquanto, apenas a Renault não demitiu o executivo. Ele foi apenas afastado de suas funções. Assumiu como CEO interino o chefe de operações (COO), Thierry Bollore.
Ainda assim, as três companhias estão reiterando, por meio de comunicado conjunto, o “profundo” compromisso com a aliança e que seguem comprometidas com a sinergia que existe hoje entre as montadoras.
Briga de poder
Apesar de a Nissan informar ter as provas dos crimes cometidos por Ghosn, a questão toda gira em torno de uma briga por poder. O executivo brasileiro preparava a fusão completa entre as três empresas dentro dos próximos meses.
Segundo fontes da agência de notícias Reuters, o negócio seria feito de maneira “indissolúvel”. Como hoje a Nissan é maior que a Renault tanto em vendas quanto em rentabilidade, a companhia japonesa não estaria de acordo com a ideia de perder a independência que tem na atual conjuntura da companhia.
Apesar disso, a Nissan está “nas mãos” da Renault. Quando a aliança foi formada, a empresa francesa estava em melhores condições e salvou a Nissan da crise. Com isso, teve direito a 34% das ações com direito a voto da marca japonesa. Enquanto isso, a nipônica carrega apenas 15% de ações da francesa – e sem direito a voto. (Jornal do Carro)