Trólebus no Corredor ABD poupam ar de 21 mil toneladas de gás carbônico e evitam consumo de 8,1 milhões litros de diesel

Diário do Transporte

 

Os pulmões das pessoas que moram ou trabalham nas regiões servidas pelo Corredor ABD foram poupados de 21.107 toneladas de dióxido de carbono entre janeiro de 2017 e outubro de 2018 por causa da operação dos 96 trólebus que integram o sistema.

 

Neste mesmo período foi evitado o consumo de 8,1 milhões de litros de óleo diesel.

 

Os dados são da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos e foram obtidos com exclusividade pela reportagem do Diário do Transporte por meio da Lei de Acesso à Informação.

 

Os números se referem ao período entre janeiro de 2017 e outubro de 2018, conforme solicitado pela reportagem.

 

O Corredor ABD tem 33 quilômetros entre São Mateus, na zona leste de São Paulo, e Jabaquara, na zona Sul, passando pelas cidades de Santo André, Mauá (Terminal Sônia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema. Há ainda mais 12 km de extensão no trecho entre Diadema e Brooklin, na zona Sul de São Paulo, mas nesta parte do sistema não há rede de trólebus.

 

Pelo corredor, segundo a EMTU, circulam 96 veículos de baixa ou de zero emissão, a maior parte trólebus, todos operados pela empresa concessionária Metra.

 

O dióxido de carbono (CO2) causa o efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global e também para o agravamento de problemas de saúde, principalmente do sistema respiratório e cardiovasculares.

 

Os trólebus também pouparam o ar de outros poluentes prejudiciais à saúde, como óxidos de nitrogênio (NOx), relacionados inclusive a casos de câncer, e Material Particulado (MP), que pode, segundo especialistas em saúde, como o professor Paulo Saldiva, em estudo do Instituto de Poluição da USP – Universidade de São Paulo, estar associado à morte prematura de pessoas com doenças no coração, ataques cardíacos e arritmia, inclusive em indivíduos saudáveis, mesmo que em menor escala.

 

A redução das emissões de (NOx) entre janeiro de 2017 e outubro de 2018 foi de 104 toneladas por causa dos trólebus.

 

Já em relação aos materiais particulados, se em vez de ônibus elétricos estivessem operando modelos a diesel, seria lançada no ar neste mesmo período, 1,7 tonelada deste tipo poluente, que pode entrar facilmente na corrente sanguínea.

 

Na resposta ao Diário do Transporte, a EMTU diz que os dados das reduções dos poluentes foram obtidos levando em conta a comparação com os ônibus a diesel equivalentes considerando o ano de fabricação dos trólebus e a tecnologia correspondente aos veículos a combustão.

 

É que até o início de 2013 eram vendidos no Brasil ônibus que seguiam os padrões internacionais Euro III, que são mais poluentes que os modelos atuais, Euro V.

 

Assim, para chegar aos dados mais próximos da realidade, a EMTU comparou os trólebus produzidos até 2012 com os ônibus a diesel padrão Euro III e, em relação aos trólebus fabricados a partir de 2013, a comparação foi com ônibus a diesel do mesmo porte, mas já com o padrão Euro V.

 

A EMTU para responder ao Diário do Transporte também levou em conta a estimativa de que os trólebus percorreram 11 milhões de quilômetros, fornecida pela concessionária Metra, que também informou à gerenciadora dos transportes a estimativa do consumo de diesel de modelos com as mesmas configurações dos trólebus. Há ônibus elétricos conectados à rede área de tamanho Padron, uma unidade de 15 metros e veículos articulados.

 

Veja resposta na íntegra:

 

A Metra possui 96 trólebus em operação no Corredor ABD, que percorreram no total entre janeiro/2017 e outubro/2018, aproximadamente, 11 milhões de quilômetros (dados Metra). A estimativa de emissões diretas evitadas foi calculada de forma ponderada. Para o cálculo, foi feita uma relação entre as datas de fabricação dos trólebus e de ônibus equivalentes movidos a diesel para enquadramento de emissões conforme as Fases do PROCONVE. Foram utilizados os fatores típicos de emissões constantes do Relatório de Emissões Veiculares no Estado de São Paulo, emitido pela CETESB (base 2016).

 

Como premissa, adotou-se que todos os veículos percorreram a mesma quilometragem na operação durante o período. Para efeito de cálculo de consumo de diesel evitado em virtude da operação dos trólebus, foram utilizados consumos médios de frota diesel estimados pela Metra. Conforme os dados, chegou-se a um consumo total evitado de 8,1 milhões de litros.

 

Nesta quarta-feira, 28 de novembro de 2018, também com exclusividade, o Diário do Transporte revelou que a operação dos 200 trólebus da empresa Ambiental Transportes, na Capital Paulista, evitou que fossem lançadas no ar 31,54 mil toneladas de dióxido de carbono, 84 toneladas de óxidos de nitrogênio, além de 860 quilos de materiais particulados, entre janeiro de 2017 e outubro de 2018.

 

Os dados são da SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema na Capital Paulista.

 

Um estudo realizado entre 2016 e 2017 pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, a pedido do Greenpeace, revelou que por ano a poluição do ar provoca a morte de 11,2 mil pessoas no Estado de São Paulo. Deste total, mais da metade está concentrada na região metropolitana.

 

Estudo divulgado em julho deste ano pelo  Instituto de Física (IF) da USP – Universidade de São Paulo mostra que apesar de representarem em torno de 5% da frota de veículos na região metropolitana de São Paulo, os ônibus e caminhões, justamente por causa do óleo diesel, emitem cerca da metade das concentrações de alguns tipos de poluentes altamente cancerígenos.

 

Os resultados revelam que os veículos pesados a diesel foram responsáveis pelas emissões e concentrações de 30% do monóxido de carbono (CO), entre 40% e 45% do benzeno e do tolueno, e 50% do “black carbon”.

 

Entre as substâncias estão partículas de escalas manométricas (partículas de poluição muito finas que entram na corrente sanguínea afetando cérebro, coração e pulmões, por exemplo), ozônio, acetaldeído. O “black carbon” é o composto resultante da combustão presente na “fumaça preta” dos escapamentos.

 

Estes níveis de concentração podem ser maiores ainda já que as medições realizadas na região central da capital paulista ocorreram durante três meses da última primavera, período com mais chuva e melhores condições de dissipação de poluentes. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)