Jornal do Carro
Que a eletrificação é o futuro dos carros, hoje quase ninguém mais discute. Mas aos poucos a novidade vai invadindo até mesmo os segmentos mais improváveis. Primeiro foram os superesportivos, tradicionalmente movidos a motores a combustão de grande cilindrada. Agora é a vez dos táxis londrinos. A capital britânica acaba de ganhar sua primeira frota de “black cabs” totalmente elétricos.
A novidade chegou por meio de um aplicativo chamado Sherbet Ride. Seria mais um app de táxi entre tantos no mundo, não fosse o fato de que sua frota de 150 veículos é exclusivamente elétrica.
O que pode parecer uma evolução é, na verdade, uma volta às origens. Isso porque em 1897 já havia 50 táxis elétricos em Londres.
Londres terá restrições severas aos poluentes
O momento não poderia ser mais oportuno. Em abril do ano que vem, a Transport for London, órgão de transporte do governo local, vai implantar no centro da capital a Zona de Emissões Ultrabaixas (ULEZ, na sigla em inglês). É uma tentativa de reduzir o congestionamento e a poluição na capital. Com isso, os carros que queiram circular no miolo de Londres terão de se adequar a rígidas regras de emissões, além de pagar uma espécie de pedágio urbano.
Enquanto uns choram, outros vendem lenços: se a notícia é um desastre para os motoristas dos black cabs tradicionais, com seus motores a diesel, ela abre uma enorme oportunidade para os táxis elétricos.
No caso específico da Sherbet Ride, a modernidade não fica só por conta dos motores. A empresa investe também no treinamento dos motoristas, com direito a curso de primeiros socorros e até instruções para como se comportar diante de um ataque terrorista.
Táxis “verdes” no Brasil
Em algumas cidades do Brasil, como São Paulo, já rodam modelos “verdes”. O mais visto nas ruas é o híbrido Toyota Prius. A Nissan também testou o elétrico Leaf de primeira geração no País. O hatch foi emprestado a algumas companhias de táxis.
Agora, a Nissan venderá o Leaf no Brasil. O modelo, mostrado no Salão do Automóvel, já está em fase de pré-venda e tem preço sugerido de R$ 178.400.
História do táxis londrinos
Os primeiros “táxis” londrinos eram carruagens. Surgiram por volta de 1600. Mas foi em 1634 que o capitão John Baily contratou quatro cocheiros.
Além de a equipe ser uniformizada, o velho marujo determinou que as “corridas’ teriam preços fixos. pelas “corridas”. Os valores variavam conforme o local de embarque e desembarque.
Em 1760 já havia mais de mil táxis nas ruas de Londres. Eles ganharam o apelido de “carroças infernais”. O motivo era a forma agressiva com que os cocheiros conduziam as carruagens.
Em 1897, táxis já eram elétricos
Os primeiros táxis motorizados de Londres chegaram em 1897. Em vez de motores a combustão, os 50 veículos eram movidos a eletricidade.
Como eram desconfortáveis e caros, esses táxis elétricos deixaram de circular em 1900. Foram substituídos por veículos a gasolina importados da França.
Seis anos depois, passou a ser obrigatório o uso de taxímetro nos táxis de Londres.
O primeiro táxi da Austin foi lançado em 1929. Era baseado no modelo 12/4 e deu origem ao FX3, produzido até 1948.
Esse modelo introduziu o conceito conhecido até hoje. O teto é alto, as portas são largas e o motorista fica separado dos passageiros.
Outro destaque é o amplo espaço à frente dos passageiros. Cada ocupante consegue levar uma mala média dentro do carro sem aperto.
Origem da cor preta como padrão
O FX3 também padronizou o preto como cor dos táxis de Londres. Essa era a cor padrão. Se o comprador quisesse outro tom, tinha de pagar um valor extra.
Para reduzir os custos, as grandes empresas mantinham a cor básica em suas frotas. Assim, o preto virou uma espécie de marca registrada dos táxis londrinos.
Em 1954 os FX3 passaram a vir com motores a diesel. Além de mais robustos, eram mais econômicos que os anteriores, a gasolina.
Quatro anos depois o FX3 deu lugar ao FX4. Produzido por cerca de 40 anos, o modelo serviu de base para os atuais TX4.
Fábrica sempre foi em Coventry
A Carbody, empresa que produziu o FX3, o FX4 e os modelos seguintes, foi vendida em 2010. Incorporada à London Taxi Internacional (LTI), passou a se chamar London Taxi Company (LTC).
Ao longo de 60 anos, cerca de 130 mil táxis foram produzidos em Coventry. Na fábrica na cidade, que fica a cerca de 150 km de distância de Londres, são feitos de 2.000 a 2.500 táxis por ano.
Desse total, dois terços vão direto para Londres. O restante é destinado a outras cidades do país e até mesmo ao exterior.
Chinesa é dona do negócio
Há dois anos, a Geely investiu cerca de 300 milhões de libras em uma nova fábrica na cidade. A empresa chinesa, dona da LTC, é também proprietária da Volvo.
Por isso, no híbrido TX5, atual táxi londrino, o motor a gasolina é da Volvo. Ao utilizar apenas o elétrico, o modelo pode rodar cerca de 110 km, de acordo com dados da fábrica.
Atualmente, a empresa é conhecida pelo nome de London Taxi Corporation. No meio econômico, atende pela sigla LEVC. O significado é London Electric Vehicle Company.
Por ora, não há nenhum projeto concreto de apoio aos táxis elétricos no Brasil. A pergunta que fica é quanto tempo levaria para a experiência britânica ser aplicada às capitais brasileiras? (Jornal do Carro)