Poluição mata 600 mil crianças por ano no mundo e no Brasil e transportes coletivos limpos podem ajudar a reverter o quadro, diz OMS

Diário do Transporte

 

Um relatório divulgado na última semana pela OMS – Organização Mundial da Saúde revela que em 2016 em torno de 600 mil crianças perderam a vida em todo o mundo por problemas de saúde ocasionados ou agravados pela poluição do ar.

 

Intitulado “Poluição do Ar e Saúde da Criança”, o trabalho usou dados oficiais de diversos países, inclusive o Brasil, e contou com especialistas que analisaram os efeitos dos poluentes gerados por atividades como transportes, indústria, agricultura e geração de energia.

 

As maiores vítimas são crianças abaixo de cinco anos, cujo sistema imunológico ainda está em formação.

 

De acordo com os especialistas, desde a fase fetal, os indivíduos já sofrem por causa da poluição devido à presença de elementos nocivos à saúde aspirados pela mãe e que entram na corrente sanguínea.

 

Problemas respiratórios, neurológicos, de circulação, cardíacos, alergias, diversos tipos de câncer e morte do feto estão entre algumas das consequências da poluição na saúde das crianças.

 

A estimativa é de que 93% da população mundial de crianças estão expostos a quantidades de poluentes suficientes para colocar a saúde em risco.

 

O relatório mostra que nas Américas, 87% das crianças vivem em exposição a níveis críticos de poluição. No Brasil, a cada 100 mil crianças com até cinco anos, três morrem por problemas relacionados à poluição.

 

Transporte coletivo limpo, com ônibus que utilizem fontes de energia não fósseis e mais redes de metrô; e planejamento urbano, com a redução de frota de veículos e das necessidades de deslocamentos, estão entre as medidas que devem ser intensificadas pelos governos de diversos países, sugere a OMS.

 

Nos países em desenvolvimento, a recomendação ganha força pelo fato de nestas nações os avanços tecnológicos e o envolvimento do poder público nas questões ambientais serem menores.

 

Um dos grandes vilões para as crianças são os materiais particulados ultrafinos (PM 2,5), que são invisíveis e dificilmente contidos pelas barreiras naturais do corpo, como nas narinas.

 

Estes poluentes são gerados na queima dos combustíveis de automóveis.

 

O relatório ainda diz que 75% da população brasileira vivem em lugares onde as concentrações de materiais particulados finos extrapolam a quantidade considerada segura pela OMS.

 

Se as redes de transportes públicos, independentemente do combustível, forem ampliadas, com a redução da frota de carros e motos em circulação, já haverá ganhos.

 

Em uma única viagem, por exemplo, considerando os embarques e desembarques ao longo de um percurso urbano de uma hora, um ônibus comum pode atender aproximadamente, 110 pessoas, substituindo mais de 60 carros, já que, em média, cada carro circula na cidade com menos de duas pessoas.

 

Se este mesmo ônibus for movido por fontes alternativas ao óleo diesel, este ganho ambiental de substituição de carros pode ser ampliado.

 

Ao jornal inglês “The Guardian”, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, compara os efeitos da poluição do ar ao fumo e diz que mais atitudes devem ser tomadas pelos gestores públicos.

 

“Poluição do ar é o novo tabaco. O ar contaminado está envenenando milhões de crianças e arruinando suas vidas. Isso é indesculpável – toda criança deve ser capaz de respirar ar puro para que possa crescer com toda a sua potência”

 

A diretora de saúde pública e meio ambiente da OMS, Maria Neira, disse também ao “The Guardian”, que a sociedade cada vez mais tem cobrado a retirada do que chama de veículos sujos das ruas.

 

“Os cidadãos estão exigindo ações para proteger seus filhos, os prefeitos das grandes cidades do mundo estão regulamentando para tirar os veículos sujos das ruas e reduzir as emissões de edifícios e resíduos. Agora é o momento para governos, fabricantes de automóveis e outros grandes poluidores se intensificarem”. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)