Jornal do Comércio
Com mais de 90 anos no mercado agrícola, o grupo Imasa teve seu pedido de recuperação judicial acatado pela comarca de Ijuí, cidade sede da empresa. Agora, a exportadora de maquinário conta com prazo legal de 60 dias para protocolar plano de recuperação de passivo avaliado em R$ 9,4 milhões.
Deste total, R$ 3,9 milhões correspondem a dívidas trabalhistas, os chamados credores de primeira classe. “Estes têm, por força de lei, assegurado o direito de quitação no prazo de 12 meses após a aprovação do plano em assembleia”, informa a advogada da empresa, Aline Babetzki. Credores quirografários (bancos e fornecedores) formam o maior montante e correspondem a R$ 5,4 milhões do valor. Existe ainda uma parcela de R$ 70 mil em dívidas a empresas de pequeno porte, que tem margem de negociação diferenciada.
A advogada argumenta que a partir do pedido de recuperação foi possível a manutenção dos cerca de 150 postos de trabalho diretos e os mais de 300 indiretos. Daqui para frente, diz, em contraponto a suspensão da dívida até a aprovação do plano, os pagamentos a colaboradores e a fornecedores deve ser quitados sem atraso. A crise financeira vivida nos últimos anos no País é o principal argumento para a situação atual da Imasa. “A empresa é viável. Os anos de crise de vendas concomitantemente a um aumento do custo do financiamento impactaram a saúde financeira”, relata.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, lamenta que uma empresa quase centenária entre em um processo de recuperação a partir de dificuldade econômica posta por situações alheias ao segmento. “Todos os setores têm dificuldades”, recorda. Ainda assim, o dirigente lembra que houve um acréscimo de juros no setor, que contava com valores abaixo da Selic e hoje está taxado acima. A expectativa de baixa. Mudanças do relator do programa Rota 2030 vão além do setor automotivo anteriormente ao plano safra chegou a travar momentaneamente as vendas. Por outro lado, Bier comenta que esta é uma situação pontual e não tem conhecimento de outras empresas do segmento nas mesmas circunstâncias.
A Imasa foi fundada no ano de 1922 e é uma forte exportadora de produtos. Suas máquinas agrícolas são comercializadas para o Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia. Suas perladoras, além de serem vendidas também para o Uruguai e Argentina, chegam a Portugal, Espanha, França e Angola. (Jornal do Comércio/Carolina Hickmann)