China avalia cortar pela metade imposto na compra de automóvel

UOL Economia/Bloomberg

 

O principal órgão de planejamento econômico da China propôs reduzir pela metade o imposto sobre a compra de automóveis, segundo pessoas a par do assunto. A guerra comercial e o desaquecimento da economia estão prejudicando a demanda no maior mercado automotivo do mundo.

 

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, que também atua como principal órgão regulador do país, apresentou um plano para diminuir de 10 para 5 por cento a alíquota cobrada nas compras de automóveis com motor até 1.6, de acordo com as fontes, que pediram anonimato porque a informação não é pública. Segundo elas, a decisão ainda não foi tomada.

 

A comissão não retornou imediatamente um pedido de comentário da reportagem. Carros com esses motores representaram aproximadamente 70 por cento das vendas no ano passado, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.

 

As vendas de carros na China caminham para a primeira queda anual em duas décadas, enquanto a briga comercial com os EUA prejudica o crescimento econômico e contribui para perdas no mercado acionário. As vendas bateram recordes nas últimas décadas, à medida que a classe média emergia e comprava seu primeiro carro. Agora, consumidores preferem não fazer compras de alto valor e esse recuo é exacerbado pela retirada gradual de um incentivo tributário às compras de automóveis.

 

A queda é sentida por montadoras como Volkswagen e Ford Motor, para quem a China se tornou um grande mercado.

 

Se for adiante, o corte de imposto seria mais um esforço para sustentar a economia chinesa ? que movimenta US$ 12 trilhões ? diante da desaceleração causada pela tensão comercial. Nas últimas semanas, autoridades tentaram diminuir a volatilidade no mercado acionário e apoiaram emissões de títulos de dívida para ajudar o setor privado. O depósito compulsório dos bancos foi reduzido quatro vezes neste ano para estimular a concessão de empréstimos.

 

A China adotou o incentivo à compra de automóveis em 2015, reduziu a devolução tributária no ano passado e acabou com o programa no início de 2018.

 

O número de automóveis comprados por concessionárias caiu 12 por cento para 2,06 milhões de unidades em setembro, segundo a associação de montadoras. Nos primeiros nove meses do ano, o aumento de vendas no setor foi de apenas 0,6 por cento e a associação avisou que a perspectiva para este quarto trimestre é desafiadora. (UOL Economia/Bloomberg/Oliver Sachgau)