O Estado de S. Paulo
A Volkswagen vai retomar o segundo turno de trabalho na fábrica de São José dos Pinhais (PR) em abril para iniciar a produção do T-Cross, primeiro utilitário-esportivo (SUV) da marca a ser feito na América Latina. O expediente duplo foi suspenso em 2016, quando a crise econômica derrubou o mercado de veículos.
Com a medida, 500 trabalhadores – de um total de 2,5 mil – que estão com contratos suspensos (lay-off) há cerca de oito meses retornarão ao trabalho. Segundo o presidente da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, as fábricas de São Bernardo, Taubaté e São Carlos (SP) operam em elevada capacidade, embora tenham colocado parte do pessoal em férias coletivas por causa da queda das exportações para a Argentina.
O T-Cross, um SUV compacto global, foi apresentado ontem simultaneamente no Brasil, China e Europa, regiões em que será produzido. A versão brasileira é mais alta e um pouco maior.
O preço não foi revelado, mas deve ser partir de R$ 85 mil, valor próximo ao de concorrentes como Jeep Renegade e Nissan Kicks. Para desenvolver e produzir o T-Cross, a fábrica paranaense recebeu R$ 2 bilhões dos R$ 7 bilhões que o grupo reservou para o País até 2020. A unidade onde hoje são produzidos Fox, Golf e Audi A3 e Q3 foi modernizada e recebeu 270 robôs.
Amor
O responsável mundial pelas áreas de vendas e marketing da Volkswagen, Jürgen Stackmann, diz que o segmento de SUVs é o que mais cresce no mundo todo. “É um caso de amor global; nunca tínhamos visto um tipo de veículo inspirar tantas pessoas.” Segundo ele, até 2025, metade das vendas da marca alemã será de utilitários.
No Brasil, o segmento saltou de 9% de participação nas vendas em 2011 para 23,4%, com 354 mil unidades até setembro, 26% a mais que em 2017. Todas as montadoras estão ampliando oferta desses veículos. A Volkswagen tem o importado Tiguan e fará mais três lançamentos depois do T-Cross. O SUV compacto poderá ser exportado para outras regiões além da América Latina.
A Volks espera voltar ao lucro na região com a inclusão do novo modelo, após prejuízos desde 2015. “Estamos perto do equilíbrio e só não foi melhor por causa da queda do mercado argentino”, afirma Di Si. Até setembro a marca vendeu 263,8 mil veículos no País, alta de 34% ante 2017. O mercado total cresceu 13%. A marca detém 14,8% de participação nas vendas, atrás da líder GM, com 17%. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)