“Populares” devem perder espaço e SUVs seguem em crescimento no País

DCI

 

Apesar do crédito estimular novamente a compra de carros ‘populares’, o segmento não deve voltar a ter a participação que possuía no País. Neste cenário, os SUVs (utilitários esportivos) ganham cada vez mais espaço.

 

“A participação dos SUVs deve aumentar ainda mais. O carro de entrada ainda tem um perfil forte por causa da venda direta frotistas, mas não necessariamente é um mercado em que queremos atuar, porque hoje buscamos uma rentabilidade maior”, disse o vice-presidente de marketing, vendas e serviços da Ford América do Sul, Natan Vieira. A montadora anunciou durante o evento que trará ao Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro, o novo EcoSport, cujo estepe na traseira será opcional.

 

De acordo com o diretor da Sell-Out 3 Consultoria, Arnaldo Brazil, os SUVs caíram no gosto do brasileiro porque possuem mais espaço, o que sugere potência e segurança, além de contarem com bancos mais altos, de modo que há uma “sensação de poder”.

 

Na avaliação do especialista, a maior facilidade de acesso ao crédito atualmente, com redução dos juros e queda na inadimplência, fará com que os consumidores comprem mais carros ‘populares’ nos próximos anos. Contudo, a participação não deve ser a mesma do passado. “Hoje, existem motores de três cilindros com boa economia e muito mais torque e performance”, ressalta o consultor.

 

De acordo com Brazil, hoje mesmo os carros mais simples já vêm com itens como airbag e freios ABS, o que não existia antes. “A participação dos carros mais baratos não vai voltar como antes. Outros itens elétricos, como direção hidráulica, quase todos os automóveis possuem. O carro de duas portas sem nada acabou”.

 

O presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, avalia que embora seja importante manter participação no segmento popular, o desejo do consumidor está nos utilitários. “O objetivo é trazer esses carros com um preço mais acessível. Há uma demanda apontando para isso e temos que atender a esse desejo”.

 

Neste cenário, diversas montadoras continuam apostando na tendência, como é o caso da Volkswagen, que prepara para amanhã o lançamento mundial do SUV T-Cross. A expectativa é que o modelo venha equipado com motor mais econômico, sem perda de potência.

 

E em um cenário de competição acirrada, o diretor da Sell-Out acredita que dificilmente a Ford retomará a liderança que possuiu por tanto tempo em SUVs. “Esse mercado chegou em um ponto de equilíbrio. É muito mais competitivo que antes”.

 

Licenciamentos

 

Watters estimou ontem que o mercado automotivo brasileiro deve crescer entre 10% e 12% no ano que vem, um pouco abaixo do que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta para 2018, que deve ter um avanço de 13,7%.

 

Natan Vieira atribui essa previsão mais modesta às incertezas políticas que permeiam o mercado. Além do clima eleitoral, os executivos começam a ficar apreensivos com a demora para a regulamentação do programa Rota 2030, que traz incentivos tributários para as montadoras que investirem em pesquisa e desenvolvimento.

 

Ele aponta que o objetivo da Ford com os novos lançamentos – que além do EcoSport ainda incluem o Edge ST, duas Rangers e o SUV Territory – é manter a participação e seguir a linha da indústria. As duas Rangers e o Territory ainda não possuem previsão de começar a rodar em terras brasileiras, mas o vice-presidente de marketing da Ford garante que isso ocorrerá dependendo da acolhida que os automóveis tiverem durante o salão.

 

Com relação ao crédito, Vieira conta que trabalha com o Bradesco e que os financiamentos estão com a aprovação em alta porque o juro caiu, embora o desemprego continue elevado. “A indústria está retomando, o varejo vem com mais força e ninguém está reclamando de inadimplência”. (DCI/Ricardo Bonfim)