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O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos agrícolas deve crescer 15% neste ano, amparado pela capitalização dos produtores e condições de crédito mais atrativas em relação ao ciclo passado. Em 2017, o setor movimentou R$ 13,5 bilhões.
A previsão inicial da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) era de avanço de 8% no faturamento em 2018. “Mas esse número vai ser entre 10% e 15%, mais para 15%”, disse o presidente da câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas (Csmia) da Abimaq, Pedro Estevão de Oliveira.
Ele estima que, de janeiro a outubro, o incremento tenha alcançado 10% em relação ao mesmo período do ano passado. “Esse cenário foi favorecido pela quebra da safra na Argentina, que elevou a cotação da soja, e pela elevação do câmbio, que ajudou a todas as commodities. O produtor está capitalizado e investindo para renovar ou ampliar a frota”, destaca.
Oliveira acrescenta que a perspectiva é de que os produtores tomem todo o crédito disponível por meio do Plano Safra para investimento em máquinas e implementos. “Nos últimos quatro meses, a demanda está aquecida e, se continuar nesse ritmo, existe a possibilidade de faltar crédito para Moderfrota, Pronaf e FCO, que são as três linhas mais importantes para máquinas agrícolas”, avalia.
O Plano Safra deste ano prevê R$ 40 bilhões para investimentos, sendo R$ 8,9 bilhões para o Moderfrota.
Segundo o diretor de agronegócios do Banco do Brasil, Marco Túlio Moraes da Costa, a liberação de crédito para investimento cresceu 21% desde o começo do Plano Safra atual, em julho deste ano.
“Percebemos um apetite maior para os investimentos em máquinas e implementos, até em caminhões, neste ciclo”, afirma. Segundo ele, isso se deve as duas últimas grandes safras e à perspectiva de que em 2018/2019 a produção também seja expressiva, o que faz o produtor investir para aumentar seus volumes.
Costa destaca que não faltarão recursos para o setor. “Se for preciso, remanejaremos dinheiro para atender ao produtor, assim como acredito que outros bancos farão”.
Para o sócio-diretor da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, Carlos Cogo, a expectativa é de que o volume de vendas cresça de 4% a 5% neste ano, considerando as 42,2 mil máquinas e implementos vendidas no ano passado de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Ele avalia que a maior tomada de crédito nas linhas de investimento para a compra de máquinas e implementos agrícolas no segundo semestre do ano está relacionada à queda de juros do Plano Safra – que tiveram redução média de 1,5 ponto porcentual ante o ciclo anterior. “Mas tem mais a ver com o início de uma recuperação de otimismo e confiança no setor, que deve entrar 2019 adentro”, diz Cogo. Para o ano que vem, o cenário é ainda mais promissor, o incremento deve ser de 8% a 12%, dependendo do segmento, estima.
Eleições
A Abimaq reforçou posicionamento apartidário durante o seminário “O Agro e o Moderno Ambiente de Negócios”, promovido pela associação na sexta-feira (19), em São Paulo, embora o apoio ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, tenha sido recorrente nas palestras proferidas ao longo do evento. Neste cenário, Estevão enxerga com cautela a intenção de redução de imposto de importação para bens de capital sinalizada pela equipe do presidenciável, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
“Não somos contra a abertura comercial, mas junto com ela é preciso reduzir o custo Brasil. A alíquota do imposto é para corrigir essas assimetrias. Nós temos ambiente de negócios e logística ruim”, afirma. “Se simplesmente abrirmos as importações, vai ser uma catástrofe, vai aumentar a importação e o desemprego”.
Estevão pondera que uma medida como essa poderá afetar as negociações entre a União Europeia e o Mercosul, que estão em andamento.
“Se essa abertura for feita de forma unilateral, não resta o que negociar. Mas acredito que o bom senso deve prevalecer”, assinala. (DCI/Marcela Caetano)