AutoIndústria
Os registros de emplacamentos fornecidos pelo Renavam indicam que a Toyota pode estar propensa a entrar em um novo segmento no mercado brasileiro. Em julho, foram licenciadas cinco unidades do Hiace, van com versões para carga e passageiros.
Ilustre desconhecida dos brasileiros, a Hiace – pronuncia-se como “High Ace” – completou cinquenta anos em 2017 e está em sua quinta geração. Pela longevidade, diversidade de aplicações e de versões pode ser chamada de a “Kombi da Toyota”. No Japão e em vários países asiáticos é oferecida como motores a gasolina e diesel. Há versões, por exemplo, capazes de levar 13 pessoas além do motorista.
Procurada por AutoIndústria, a montadora admitiu que trouxe o produto, mas afirmou não ter interesse em participar do segmento, embora também não tenha descartado que isso possa ocorrer. “A Toyota do Brasil realiza diversos testes de seus produtos com o objetivo de avaliar o comportamento de seus variados modelos em todo o mundo, nos diferentes tipos de clima e solo. Até o presente momento, não há planos de comercialização do modelo no País”, assegurou em nota.
De qualquer forma, motivos e estrutura produtiva não faltariam na região para a vinda da Hiace. Se no Brasil as fábricas de Indaiatuba e Sorocaba (SP) estão comprometidas com Corolla, Etios, Etios Sedan e agora com os novíssimos Yaris e Yaris Sedan, a operação na vizinha Argentina dedica-se apenas ao comercial leve Hilux e Hilux SW. A Hiace, assim, ajudaria a balança de comércio da montadora entre os dois países.
Se ingressar no mercado brasileiro a van terá pela frente a concorrência de modelos da Renault, Mercedes-Benz, Iveco, Kia, Citroën, Peugeot e Hyundai. Durante quase 50 anos, porém, a Volkswagen foi a grande protagonista das vendas com a pioneira Kombi, também considerado seu primeiro veículo nacional. Em 2013, seu último ano de produção, a Kombi respondeu por 25 mil dos mais de 65 mil furgões e vans vendidos no Brasil.
Mas desde 2014 a montadora alemã parece ter desistido da briga, tanto que, mesmo tendo produtos lá fora, desde então não oferece qualquer furgão ou van do gênero, assim como as americanas GM e Ford, que já tentaram a sorte com Chevrolet Trafic e, mais recentemente, com a Ford Transit.
Só mesmo as marcas japonesas não apostaram ainda no segmento no Brasil. Mas se agora não é o melhor momento para isso, também deixou de ser o pior. De janeiro a agosto foram vendidos no mercado interno mais de 15,6 mil vans e furgões grandes, 30% a mais do que em igual período do ano passado, o dobro, portanto, da evolução média do mercado interno de veículos.
É a reversão da curva descendente iniciada há sete anos. O problema é que a base de comparação é também a pior possível na última década. Em 2017 o segmento bateu no fundo do poço com apenas 18,5 mil veículos emplacados, depois de ter registrado 75 mil unidades em 2011.
O nacional Renault Master é o atual líder do segmento, que conta também com modelos importados. Com 4,7 mil emplacamentos no acumulado dos oito primeiros meses, o Renault detém 30% de participação. Na segunda posição está o Hyundai HR, com 3,5 mil emplacamentos e fatia de 22,4%. O Kia K2500 vem logo atrás com 1,4 mil unidades negociadas, mas forte crescimento de 40% sobre o resultado de igual período do ano passado.
No fim do ano passado surgiram dois novos concorrentes: Citroën Jumpy e Peugeot Expert. Menores do que os, respectivamente, antecessores Jumper e Boxer, somente agora começam a ser vistos com maior frequência nas ruas. O modelo da Citroën, inclusive, já é a sexta van mais vendida no ano, com 759 emplacamentos. (AutoIndústria/George Guimarães)