O Estado de S. Paulo/Agência AFP
O primeiro grande julgamento a respeito da manipulação dos motores clean diesel (diesel limpo) da Volkswagen começa nesta segunda-feira na Alemanha, três anos após a eclosão do escândalo com repercussões globais, que precipitaram a queda deste tipo de tecnologia.
O Tribunal Regional de Brunswick deve determinar se a montadora deveria ter informado os mercados financeiros da fraude antes do episódio, para evitar grandes perdas aos seus acionistas, que alegam terem perdido cerca de 9 bilhões de euros em indenizações. Os juízes terão de especificar o calendário do julgamento, que deve durar pelo menos até 2019, e fazer uma seleção entre as 200 perguntas apresentadas pelas partes.
O fundo de investimento DeKa, que atua como requerente no julgamento, espera que os juízes dêem “as primeiras indicações sobre sua avaliação” de vários pontos, afirma o advogado da DeKa, Andreas Tilp, à AFP.
O caso foi desencadeado em uma sexta-feira, 18 de setembro de 2015, quando, no Salão do Automóvel de Frankfurt, autoridades norte-americanas acusaram a montadora de ter equipado 11 milhões de seus veículos a diesel com um dispositivo capaz de falsificar o resultado de testes anti-poluição.
Na segunda-feira seguinte, o mercado de ações da Volkswagen começou a cair, chegando a perder até 40% do valor em dois dias, um colapso que levou a mais de 3.000 investidores a levar a empresa à Justiça.
A questão central do julgamento é se a Volkswagen esquivou sua obrigação legal de publicar, no momento certo, “qualquer informação privilegiada” susceptível de influenciar o preço de sua ação.
Advogados do fundo de investimento DeKa asseguram que a gestão da montadora estava ciente da fraude, implementado em 2008 para conquistar o mercado de diesel dos EUA, onde os padrões de poluição são mais rigorosos do que na Europa. A Volkswagen, por sua vez, diz que a iniciativa da fraude é atribuível a poucos engenheiros que agiram sem avisar à gerência. (O Estado de S. Paulo/Agência AFP)