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E se você encontrasse uma oportunidade de criar algo novo, inédito e transformador? Algo que impactasse a forma de produzir ou consumir, que colocasse a tecnologia mais perto dos consumidores? No Sistema Fiep, esta é uma realidade: a instituição conta com um Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI-EQ) onde, todos os dias, profissionais dedicam-se a testar soluções para o setor industrial. E foi exatamente assim, com muita pesquisa aplicada, que a entidade iniciou um projeto para o setor automotivo. Há dois anos, a frente de trabalho estuda e desenvolve novos componentes para a fabricação de baterias automotivas com nanotecnologia embarcada. Uma iniciativa que pretende levar a indústria brasileira à autonomia na fabricação deste insumo, essencial para o segmento automotivo.
“Encontramos um gap tecnológico nacional na fabricação de baterias. Mais especificamente, nos veículos que utilizam o sistema stop-start – a bateria destes veículos possui um regime de operação mais crítico em relação às baterias convencionais para ignição do veículo”, explica Marcos Berton, pesquisador-chefe do ISI em Eletroquímica.
O assunto parece muito técnico para você? Berton traduz: “basicamente o stop-start é o sistema de ignição que deve predominar no mercado de automóveis de motores a combustão nos próximos anos. Além de ser mais moderno, também permite uma economia de combustível. Também é ambientalmente mais responsável: reduz significativamente a emissão de gases de efeito estufa”. Uma tendência para todos os setores da indústria – produzir mais e melhor, reduzindo os impactos ambientais com processos mais eficientes.
Baterias com nanotecnologia: entenda melhor
O gap tecnológico encontrado pelo Sistema Fiep deve-se a um denominador comum em muitos setores industriais. Ainda há um esforço muito grande para acompanhar as evoluções da tecnologia que já estão acontecendo em todo o mundo. “No caso das baterias automotivas, a produção brasileira ainda precisa evoluir bastante e algumas das tecnologias no mercado ainda são importadas, principalmente em alguns componentes. Encontramos uma forma de levar mais autonomia para este setor e começamos a desenvolver soluções tecnológicas em baterias com nanotecnologia embarcada há dois anos. O processo envolve a área de eletroquímica do Instituto Senai de Inovação. Nos aprofundamos no estudo dos componentes eletroquímicos das baterias para encontrar esta alternativa”, aponta Leandro da Conceição, coordenador do projeto. Com a incorporação de nanomateriais nas placas das baterias automotivas, a equipe está desenvolvendo um novo produto.
Principais conquistas para o setor
A inserção desta tecnologia nas fábricas de baterias deve acontecer nos próximos 2 anos. Com a evolução da indústria automotiva, a tendência é que os modelos atuais de bateria não sejam mais aplicáveis para os novos carros.
Fabricar os próprios componentes com matéria-prima e tecnologia nacional é, portanto, uma questão de sobrevivência, como destaca o pesquisador-chefe: “todos os veículos a combustão passarão a utilizar o sistema stop-start nos próximos anos. As indústrias de baterias precisam se preparar para absorver uma nova demanda com novos requisitos. Além disso, as baterias com nanotecnologia embarcada abrem possibilidades de mercado, que não deveria ser mais dominado por grandes concorrentes internacionais. Deveríamos ter condições de fabricar produtos de qualidade, competitivos nacional e internacionalmente”, encerra o pesquisador-chefe. (Portal G1)