Com capacidade no limite, Hyundai chega a 1 milhão de veículos no Brasil

AutoIndústria

 

A Hyundai encerrou 2016 com 10% do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves, seu recorde até hoje, e na quarta posição no ranking de marcas mais vendidas. Em 2017 sua participação ficou aquém disso, 9,3%, o que garantiu apenas a quinta posição. E no acumulado dos sete primeiros meses deste ano, a montadora coreana negociou 115 mil veículos, equivalentes a fatia de 8,6%, também na quinta posição.

 

Mas pelo ritmo do mercado interno, e com a Renault apenas 0,2 ponto porcentual atrás, é quase certo que a Hyundai perderá também este quinto lugar ao final de 2018 – isso se não deixar escapar ainda a sexta posição para a Toyota, que tem 8% no acumulado do ano.

 

Essa curva descendente, entretanto, não atrapalhou o encontro que a montadora teve com representantes de seus mais de duzentos pontos de venda nesta terça-feira, 14, em São Paulo. Ao contrário, durante o evento, que comemorou oficialmente a produção do veículo 1 milhão em apenas 5 anos e dez meses de operação na fábrica de Piracicaba (SP) – tempo recorde na história do setor aqui – o clima era visivelmente de satisfação com os negócios.

 

Isso porque a queda da participação não se deve a um mau desempenho mercadológico dos HB20 hatch e sedã e do utilitário esportivo Creta, os três modelos fabricados no interior paulista. Na verdade, o problema é exatamente o inverso: a Hyundai vende tudo o que fabrica deles, mas sua capacidade produtiva está no limite praticamente desde o segundo ano de operação da planta.

 

Já foram fabricados 940 mil HB20 hatch e sedã e 60 mil Creta

 

Inaugurada em setembro de 2012, exatamente um ano depois a fábrica abriria o terceiro turno de trabalho e assim tem trabalhado desde então, independente de como caminharam as vendas totais do mercado nesse período.

 

Com algum esforço extra de áreas específicas aos sábados, Piracicaba tem fôlego para cerca de 180 mil veículos anuais, nada além disso.

 

Os números consolidados comprovam que a empresa não tem mais como driblar essa limitação há algum tempo: tanto que fabricou 179,7 mil veículos já em 2014 e quase o mesmo tanto no ano passado, 179,4 mil, além de ter cravado 163,7 mil em 2015 e 167,7 mil em 2016.

 

O quadro desse comemorado sufoco fica ainda mais claro quando se sabe que a quase totalidade dos 940 mil HB20 hatch e sedã e os 60 mil Creta produzidos em menos de seis anos permaneceu no mercado interno.

 

As exportações acumuladas para Uruguai, Paraguai e Bolívia não ultrapassaram ainda 5 mil unidades desde 2016, quando os primeiros hatches cruzaram as fronteiras. A primeira tímida remessa do SUV partiu para o Paraguai somente no segundo semestre do ano passado.

 

Angel Martinez, diretor de vendas, marketing e pós-vendas da Hyundai Motor Brasil, reconhece que por conta da falta de capacidade a Hyundai naturalmente tende a perder participação em um cenário de vendas médias crescentes, como está delineado para todo 2018.

 

Prova disso é o que já ocorreu até aqui. Enquanto os segmentos de automóveis e comerciais leves somados evoluíram 14,1% no acumulado de janeiro a julho, a Hyundai cresceu pouco mais de 4%. E, mesmo se considerados apenas os automóveis, segmento onde a marca está presente, a relação não é tão mais favorável, já que neste caso as vendas avançaram 13,5% no período.

 

Os planos para ampliar a fábrica de Piracicaba transitam pelas mesas dos principais dirigentes da montadora há bom tempo. Caberá a Eduardo Jin, presidente da operação brasileira desde julho, decidir encaminhar ou não o projeto que ampliará a área construída no complexo paulista.

 

E rapidamente, caso o mercado interno dê sinais de novo crescimento em 2019 e 2020. “Estamos acompanhando a economia. Não há uma definição ainda”, afirma Martinez.

 

De qualquer forma, apesar de recém-chegado, Jin sabe bem onde pisa e o quanto e quando terá que avançar na capacidade produtiva de Piracicaba. Ele foi um dos executivos que participaram da concepção e construção da fábrica, há mais de sete anos.

 

Vendas somaram 115 mil unidades no acumulado até julho

 

Na solenidade com os concessionários, da qual participou o Marcos Jorge de Lima, Ministro da Indústria, o executivo apresentou ainda a série comemorativa 1 Million de seus três modelos, que além de identificação na carroceria, oferecem itens exclusivos.

 

Serão apenas 2 mil unidades do Creta, 1,2 mil do HB20 e 1,3 mil do HB20S que começam a ser vendidas na semana que vem. Mais um bom problema a ser administrado pela rede de concessionárias, que, segundo Martinez, tem média de vendas anual de setecentos a oitocentos veículos, a maior entre as marcas.

 

Outra vantagem da rede apontada pelo executivo: apenas 6% dos Creta e 19% dos HB20 são negociados por meio de vendas diretas, modalidade crescente no País e que implica em redução de negócios nas próprias revendas.

 

“E nenhuma unidade vendida para locadoras”, assegura Martinez, que vê a necessidade de a marca ter no máximo mais dez pontos de vendas para apenas aprimorar, claro, a cobertura do pós-venda. (AutoIndústria/George Guimarães)