Jornal do Brasil
O setor automotivo é um dos que mais vai sofrer mudanças nas próximas décadas. Projeções da Bloomberg apontam que a venda de carros elétricos no mundo saltará das 1,1 milhão de unidades, em 2017, para 30 milhões em 2030. Já em relação aos carros autônomos, serão 33 milhões de unidades vendidas em 2040, segundo a IHS Markit. Se levarmos em conta, ainda, a utilização cada vez maior de aplicativos de transporte, é fácil perceber que as grandes montadoras precisam se mexer para não perderem sua dominância.
E é exatamente isso que elas estão fazendo. Seja por meio de alterações organizacionais ou novos modelos de negócios, aos poucos as empresas buscam formas de se adaptar aos tempos atuais. Semana passada, a Daimler AG (fabricante da Mercedes Benz) anunciou que pretende se dividir em três unidades: carros e vans; ônibus e caminhões; e serviços de mobilidade e financeiros. O movimento ainda precisa de aprovação dos acionistas, o que se dará em maio de 2019. A empresa, desde 2008, já opera o car2Go – um serviço de locação e compartilhamentos de veículos – na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá; além do Mytaxi, um aplicativo que rivaliza com o Uber em diversos países europeus. No segundo semestre de 2019, a Daimler AG pretende iniciar um serviço de transporte com carros autônomos na Califórnia.
A Ford anunciou a criação de uma empresa independente, a Ford Veículos Autônomos, na qual planeja investir US$ 4 bilhões até 2023. Desse montante, US$ 1 bilhão foi gasto na compra da Argo AI, uma startup especializada na tecnologia. Essa nova companhia será alocada no novo centro de inovação da montadora, localizado em Detroit, em uma área de mais de 110 mil metros quadrados. Em Miami, a Ford está testando um serviço de entregas utilizando esses carros autônomos e já tem parceria com a Domino’s e a Postmates, uma empresa de logística.
A BMW, desde 2016 opera o ReachNow, um aplicativo para locação de carros, em algumas cidades americanas. A partir deste mês, a empresa passou a disponibilizar, também, um serviço de táxis na mesma plataforma, dando ao cliente a opção de dirigir ou ter um motorista para se locomover. A novidade é que, ao solicitar o táxi, o cliente pode determinar a temperatura interna do carro, a estação de rádio e até avisar ao motorista que não quer ser incomodado durante a viagem, com a opção “quiet time”.
O ‘AirBNB’ dos automóveis
A General Motors também tem um serviço de aluguel de carros, o Maven, em funcionamento desde 2016. Mas semana passada anunciou uma inovação: a partir de agora, clientes nas cidades de Seattle e Chicago poderão colocar seus carros à disposição para locação, algo parecido com o que o AirBNB faz com casas. Esse modelo não é uma novidade – uma startup chamada Turo já o realiza –, mas trata-se da primeira montadora a disponibilizá-lo.
A GM, aliás, é uma das que mais investem em novas tecnologias. São 20 mil engenheiros, designers e especialistas em TI trabalhando em seu centro de tecnologia. Em 2016, a empresa pagou US$ 1 bilhão pela Cruise Automation, uma startup especializada em veículos autônomos, e hoje é uma das líderes na corrida para lançar essa tecnologia no mercado, atrás apenas da Waymo, do Google. A aquisição valeu tanto a pena, que hoje a Cruise vale US$ 11,5 bilhões. Ano que vem, a GM pretende lançar um serviço de táxi com seus carros autônomos em São Francisco.
Uma outra inovação testada pelas montadoras é a assinatura de veículos. Por um valor mensal, o cliente escolhe entre diversos modelos de carros, podendo trocá-los quando quiser, e ainda tem seguro, manutenção e assistência 24h inclusos, além de quilometragem ilimitada. Tudo isso usando apenas um app. Cadillac, Porsche, BMW e Mercedes começaram a testar esse modelo de negócios em algumas cidades dos EUA com mensalidades que variam entre US$ 1.095 e US$ 3 mil.
Como se pode ver, as grandes montadoras estão bem atentas ao futuro. Resta saber quando teremos algumas dessas novidades aqui no Brasil. (Jornal do Brasil)