AutoIndústria
De acordo com a consultoria mundial de gestão Oliver Wyman, sete tendências na indústria automotiva mudarão drasticamente o carro em si, sua produção, como será produzido e utilizado até 2030: o veículo conectado, veículos autônomos, e-mobilidade, indústria digital, novos canais de distribuição pay-per-use, mudança na estrutura do cliente e a interface homem-máquina.
“A indústria automotiva está enfrentando uma ‘tempestade perfeita’ de tecnologia transformadora e mudando o comportamento do cliente”, afirma Joern Buss, sócio da Oliver Wyman e autor do estudo “Estrutura da Indústria Automotiva do Futuro – FAST 2030.
O pesquisador antevê uma década de muitas mudanças para toda a cadeia: “Haverá tempos turbulentos pela frente, que não apenas impactarão as montadoras, mas também os fornecedores, muitos dos quais precisarão reavaliar suas estratégias de negócios existentes para se manterem competitivos no futuro”.
O estudo, lançado a cada cinco anos em parceria com a Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA), revela, por exemplo, que a criação de valor no setor automotivo global aumentará em 30% até 2030, com a produção mundial de carros de passageiros crescendo igual porcentual e atingindo 123 milhões de unidades. Esse crescimento, porém, virá acompanhado de forte pressão sobre os custos e mudanças estruturais consideráveis.
O levantamento aponta, por exemplo, que a criação de valor para a indústria automotiva global mudará significativamente em favor dos mercados emergentes até 2030. América do Norte, Europa, Japão e Coreia perderão dez pontos porcentuais de sua participação na criação de valor nesse período. “A China ultrapassará em breve a Europa para liderar na fabricação”, afirma Buss.
Mas, apesar disso, o estudo indica que a Europa continuará a dominar o segmento de veículos premium ainda em 2030, mantendo 50% do total da criação de valor. Ainda assim, a percepção é de que a participação da China neste segmento subirá de 13% para 20% no mesmo período.
As novas tecnologias, assim como regulamentações de emissões mais rígidas, estão criando um grande mercado para carros elétricos e autônomos. Assim, avalia o levantamento, os fornecedores precisarão redesenhar e expandir sua linha de produtos à medida em que mais e mais sistemas dinâmicos de controle de veículo e energia serão necessários.
A Oliver Wyman diz que, se os fornecedores de pequeno e médio portes não se adaptarem aos novos modelos de negócio ou não incorporarem soluções digitais, ficarão para trás, enquanto os fornecedores globais ganharão ainda maior relevância, oferecendo sistemas ainda mais complexos, como chassis completos para carros elétricos ou sistemas inteiros para carros autônomos.
No extremo oposto, os negócios de pós-vendas diretos e online serão desenvolvidos fortemente e representarão um desafio para os fornecedores, que também conviverão com fornecedores de software e de engenharia cada vez mais confiáveis.
“Apesar da pressão pela redução de custos, as empresas estão fazendo grandes investimentos em novas tecnologias. A inovação num momento de ruptura se tornará uma estratégia de sobrevivência no cenário de fornecedores caracterizado pela consolidação e o realinhamento. Fabricantes também terão de se ajustar a essa nova estratégia”, analisa Johannes Berking, coautor do estudo, que ouviu, entre agosto de 2017 e janeiro deste ano, centenas de executivos dos fabricantes de veículos e de fornecedores em todo o mundo, além de especialistas independentes. (AutoIndústria)