Corrida pela sustentabilidade

Jornal do Carro

 

O que pode existir em comum entre o Fiat Uno, o Ford Mustang e o Peugeot 206? Praticamente nada, a não ser o fator sustentabilidade. Nos três há componentes que utilizam elementos naturais, como fibras vegetais, na composição.

 

O desafio da indústria é empregar cada vez mais produtos sustentáveis na produção de veículos. O objetivo é reduzir a dependência de materiais derivados de petróleo.

 

Com seu motor V8 de 466 cv, o Mustang é sedento por gasolina, mas, ao menos no que diz respeito aos assentos, o “muscle car” da Ford não maltrata o meio ambiente. Entre os ingredientes utilizados na confecção da espuma dos bancos, a fabricante adota a soja.

 

A Ford, aliás, é uma das montadoras que mais investem em pesquisas voltadas ao aproveitamento de fibras e outros recursos naturais na produção de veículos – essa tradição é centenária.

 

O fundador da empresa, Henry Ford, acreditava que a agricultura e a produção industrial podiam ser atividades complementares.

 

O emprego da soja em diversas partes do carro, a propósito, era uma obsessão de Ford. Ele chegou a utilizar a planta até mesmo em componentes da carroceria de veículos.

 

Na Peugeot, uma das experiências está relacionada ao emprego de cânhamo, variação da planta que dá origem à maconha (Cannabis). A montadora francesa utilizou esse tipo de material no suporte do retrovisor interno do 206, modelo que já saiu de produção.

 

Sustentabilidade no Brasil

 

No Brasil, há diversas experiências voltadas à sustentabilidade, com a utilização de materiais como fibra de coco, palmeira e sisal, entre outros, em veículos.

 

Em 2010, época em que lançou o Uno de segunda geração, a Fiat apresentou um protótipo com vários elementos feitos de materiais sustentáveis, batizado de Uno Ecology.

 

O modelo era uma espécie de plataforma de experiências e tinha itens feitos de materiais alternativos, reutilizáveis e não poluentes. As peças plásticos de acabamento interno e externo, como para-choques, painel e laterais de portas, foram produzidas com uma mistura de bagaço de cana-de-açúcar em sua composição.

 

Segundo a fabricante, com isso o peso dos componentes foi reduzido em cerca de 8%.

 

O estofamento do carro tinha fibra de coco e látex no lugar do poliuretano (derivado de petróleo). Garrafas PET foram reutilizadas nos tapetes e tecido dos bancos.

 

De volta às ruas

 

Existe vida após a morte – ao menos para algumas peças de veículos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reciclagem Automotiva (Abcar), Julio Luchesi, cerca de 70% dos componentes que passam pelos desmanches do Estado têm condições de voltar ao mercado. Ele diz que os preços dessas peças são, em média, 60% menores que os das novas originais.

 

Luchesi explica que os componentes colocados à venda nos desmanches autorizados recebem um código de barras que permite seu rastreamento, para que o usuário possa comprovar a origem. Em São Paulo, há cerca de 1.500 empresas de desmanches autorizadas a operar. A lista completa está no site do Detran-SP. (Jornal do Carro)