Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter os juros básicos da economia brasileira em 6,5% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado, que esperava uma redução da taxa.
A decisão interrompeu um ciclo de 12 quedas consecutivas e foi tomada por unanimidade entre os integrantes do Conselho. A taxa Selic, no entanto, permanece no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, há 32 anos.
Analistas financeiros e o próprio BC sinalizavam que poderia haver ainda mais um corte na taxa, de 0,25%, antes da interrupção da queda, mas o cenário externo mais volátil influenciou a decisão do Copom de não reduzir os juros dessa vez.
“O cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, diz um trecho da ata do Copom.
A decisão ocorre dias depois do país enfrentar uma valorização expressiva do dólar no mercado de câmbio. Em quatro dias seguidos de pregão, a moeda norte-americana sofreu valorização de 3,71% e encerrou o dia de hoje negociada a R$ 3,694. Para o governo, a alta é um movimento de curto prazo.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março, o nível mais baixo até então. Quanto menores os juros básicos, menores são os custos do crédito com incentivos para a produção e o consumo.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula 2,76% nos 12 meses terminados em abril, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%. O centro da meta de inflação em 2018 é de 4,5%, com limite inferior de 3% e máximo de 6%. Para 2019, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
No comunicado em que anunciou a decisão de hoje de manter a taxa Selic em 6,5% ao ano, o Copom informou que o comportamento da inflação permanece em uma tendência favorável, com preços mais sensíveis aos juros e ao ciclo econômico em níveis baixos. “O Comitê julga que o comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis ainda baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, afirma a nota.
O ritmo de corte já vinha caindo. Entre abril de setembro do ano passado, o Copom havia reduzido a taxa em 1 ponto percentual a cada reunião. Em outubro, o corte foi de 0,75, passando para 0,5 ponto em dezembro e para 0,25 ponto percentual nas reuniões seguintes, entre fevereiro e março, até a interrupção de queda agora. (Agência Brasil)