Folha de Pernambuco
Já pensou num futuro automotivo com maior sustentabilidade e eficiência no Brasil? Essa é a aposta do setor para os próximos anos. Seguindo uma tendência mundial, o País está no caminho da redução da emissão de combustíveis fósseis considerados poluentes para o meio ambiente. Por isso, os investimentos em carros híbridos – que apresentam motor elétrico e a combustão – e os que são apenas elétricos integram a política global do segmento, que anunciou a produção no Brasil, a partir do próximo ano, de um modelo híbrido flex. Atualmente, os cerca de cinco mil carros híbridos e os 100% automóveis elétricos que circulam nas cidades brasileiras são importados.
Montadoras internacionais já informaram que vão realizar a transição na produção dos carros a combustão para veículos 100% elétricos. “Entre 2030 e 2040, está se projetando em países da Europa uma frota com apenas carros híbridos”, disse o chefe de relações governamentais da Toyota do Brasil e também vice-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Thiago Sugahara, acrescentando que é importante desenvolver a tecnologia localmente para que o Brasil possa comercializar o mais breve possível os veículos híbridos.
A Volkswagen, por exemplo, informou que está avaliando oportunidades no mercado e testando em diversas condições brasileiras o modelo Golf GTE, um veículo híbrido plug-in, que carrega em tomadas, tanto em casa como em postos de abastecimento. Por sua vez, a montadora Nissan anunciou que este ano vai levar a oito países, incluindo o Brasil, o modelo Leaf 100% elétrico. O veículo pode ser carregado através da frenagem (sistema de auto carregamento) e em pontos de reabastecimento.
Com o Brasil apresentando 43% de fonte renovável na sua matriz elétrica, o País tem um futuro promissor para a produção híbrida flex, que além da eletricidade e da gasolina, utiliza o etanol. “Por conta da indústria do etanol, o modelo flex é uma boa solução para o mercado brasileiro. Essa é uma tendência internacional para uma mobilidade mais limpa”, destacou o presidente da ABVE, Ricardo Guggisberg. Para o diretor-geral da Electric Mobility Brasil, Eduardo Sousa, o mundo está em busca da mobilidade sustentável. “Eu acredito que o Brasil pode ser o primeiro a produzir os híbridos que carregam na tomada e que tenham motor a etanol. Como o País produz esse álcool, penso que temos que aproveitar essa tecnologia”, destacou Sousa.
Nesse sentido, a montadora Toyota está aproveitando o mercado para testar no Brasil um modelo inédito. “O primeiro protótipo de um veículo híbrido flex está sendo testado pela Toyota, o modelo Prius da quarta geração. É um motor adaptado para receber o etanol, um combustível renovável que faz parte do projeto que busca sustentabilidade. E nosso sonho é introduzi-lo na escala comercial”, disse Sugahara, complementando que foi projetado por engenheiros brasileiros e japoneses. Há alguns meses, o veículo está circulando pelas vias de cidades brasileiras. Em março deste ano, ele percorreu mais de 1,5 mil quilômetros (km) saindo de São Paulo até Brasília. “No percurso, visitamos usinas de cana-de-açúcar produtoras do etanol”, comentou Sugahara.
Dentro de um projeto chamado Redes Inteligentes que pensa a sustentabilidade para Fernando de Noronha, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) adquiriu um carro elétrico em 2015 para circular pela ilha. Com investimento de R$ 800 mil, a empresa também projetou um posto de abastecimento, chamado Ecoposto. “O veículo é abastecido através de fonte renovável, pois a eletricidade é gerada nele a partir de placas solares. Só esse carro é capaz de reduzir anualmente 1,5 tonelada de emissão de dióxido de carbono (CO2) na natureza”, informou o gerente de operações da Celpe, Carlos Eduardo Soares, complementando que com uma carga completa na bateria, o automóvel consegue rodar até 150 km.
O veículo é utilizado diariamente pelos colaboradores da Celpe para transporte e operações da empresa. “Estamos testando o conceito com esse apelo da sustentabilidade e prospectamos fazer a troca de toda a frota da ilha para carros elétricos”, disse Soares.
Com o compromisso mundial de reduzir em 90% a emissão do CO2 na natureza, a indústria deve passar por uma transformação. “Espero que a tecnologia híbrida avance no Brasil para melhora do meio ambiente e da economia brasileira. É importante popularizar esse modelo no País”, destacou o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Edson Orikassa, ao complementar que até o momento, com a tecnologia híbrida, foram economizados R$ 30 bilhões de litros de gasolina no mundo. (Folha de Pernambuco/Eduarda Barbosa)