Nissan Kicks se vale do conjunto da obra

AutoIndústria 

 

Os preços do Nissan Kicks chegam a R$ 99 mil,  mas a versão de entrada custa a partir de R$ 73 mil. Mesmo assim, são quase R$ 30 mil a mais do que se desembolsa para ter um March de entrada, o carro mais barato da marca, hoje na faixa dos R$ 44 mil.

 

Essa enorme diferença, contudo, não impede de fazer do utilitário esportivo o principal veículo da Nissan no mercado brasileiro. O modelo, lançado em 2016, assumiu de vez o protagonismo nas vendas da marca já no ano passado e desde então, mês após mês, só vem reforçando essa condição.

 

No primeiro quadrimestre de 2018, aponta levantamento da Fenabrave, somou mais de 16 mil unidades emplacadas, exatamente a metade de todos os automóveis e comerciais leves Nissan vendidos.

 

Foi, por conta disso, o maior responsável pelo ganho de 0,5 ponto porcentual que a marca registrou na comparação com o mesmo período do ano passado: 4,3 % contra 3,8%. De quebra, levou a Nissan ao nono lugar  no ranking das marcas mais vendidas – era a décima em 2017.

 

AutoIndústria andou na versão S, que tem preço sugerido de R$ 81 mil. A exemplo de todos as demais, empurrada pelo motor 1.6 flex de 114 cavalos, mas com câmbio CVT, que conta com opção de condução esportiva. Segundo a Nissan, a S CVT responde por algo em torno de 25%, até 30% das vendas do Kicks.

 

O conjunto mecânico, com tração dianteira, se não chega a ser o destaque do modelo, tem desempenho satisfatório na maioria das situações. Mas peca flagramente quando precisa de mais fôlego, em especial para enfrentar aclives acentuados. Não raro, nessas situações, o motorista acaba desejando um câmbio manual para encontrar a melhor resposta para a necessidade momentânea.

 

O forte do modelo, de fato, é o desenho, atualíssimo depois de três anos de revelado e importante atributo para levar o Kicks à condição de terceiro SUV mais vendido aqui. Isso em um segmento – vale enfatizar – disputado por mais de quarenta modelos e que seguidamente tem apresentado novidades nacionais e importadas.

 

O bom espaço interno, em especial para os ocupantes do banco traseiro, e o generoso porta-malas se somam à lista de pontos positivos. Bem diferente do acabamento interno, que deixa a desejar pelo excesso de materiais plásticos rígidos no painel e nos revestimentos das portas.

 

A lista de recursos de conforto também poderia ser maior e com equipamentos mais sofisticados na versão S. O ar condicionado, por exemplo, é manual e o sistema de som tem apenas um pequeno display, algo desatualizado diante do que se encontra nos concorrentes.

 

Faz falta, ainda mais para um veículo nessa faixa de preço, qualquer sistema de auxílio a manobras, como o já veterano alerta sonoro de proximidade, disponível em carros bem mais baratos. É o tipo de ausência que o consumidor gostaria de saber o porquê dela.

 

Mas a Nissan deve ponderar muito bem isso em toda a equação do modelo, talvez até esgrimindo as versões mais caras no momento da negociação em uma concessionária e que incluem pacotes bem mais adequados para o segmento.

 

Se assim não fosse, o Kicks não estaria colhendo evolução de mais de 60% sobre as vendas acumuladas de janeiro a abril do ano passado, enquanto o segmento de SUVS cresceu perto de 35%, já um resultado muito acima da média do mercado. (AutoIndústria/George Guimarães)