Reuters
A Volkswagen, maior montadora do mundo, está negociando uma joint venture com a chinesa Didi Chuxing para gerenciar parte da frota de carros da empresa de transportes urbanos e ajudar a desenvolver veículos voltados para os serviços da Didi.
Como parte do acordo, que deve ser assinado no início do próximo mês, a montadora alemã vai inicialmente gerenciar uma frota de cerca de 100 mil veículos para a Didi, da qual dois terços será de carros do grupo Volkswagen, disse um executivo da montadora.
A Volkswagen também vai comprar alguns carros novos com a Didi para permitir que a chinesa aumente sua frota. As duas planejam, eventualmente, colaborar para criar e desenvolver veículos dedicados, disse ele, falando na condição de anonimato uma vez que os detalhes ainda são privados.
O executivo não deu detalhes financeiros do acordo, mas disse que a Volkswagen terá uma fatia da receita quando a parceria se desenvolver.
A crescente popularidade dos serviços de transporte por aplicativo em cidades congestionadas como Pequim e Xangai está mostrando sinais iniciais de diminuição de carros privados. Isso poderia ter sérias consequências para as montadoras existentes e está forçando empresas como a Volkswagen a reinventarem seus negócios e buscarem futuras fontes de receita.
“Para ser bem-sucedido como uma empresa de carros nesse novo ecossistema, nós precisamos saber quem é nosso consumidor, qual seu destino e qual deveria ser nossa estratégia”, disse o executivo.
Ele acrescentou que esse acordo vai eventualmente dar à Volkswagen acesso a alguns dos volumosos dados de comportamento do consumidor coletados por meio de 3 milhões de viagens que a Didi realiza na China a cada dia.
O objetivo final é a redução e o uso de carros autônomos, disse o executivo da Volkswagen.
A parceria da Volkswagen com a Didi é o primeiro projeto conhecido que a Didi começou a buscar como parte de aliança ampla que a empresa chinesa formou recentemente com 31 montadoras e fornecedoras de peças.
A Didi disse que formou a aliança para colaborar, entre outras coisas, em eventualmente desenvolver carros especialmente para seus serviços.
Por exemplo, até 80% dos clientes da Didi realizam viagens sozinhos e não precisam de um carro grande de quatro lugares, disse o executivo da Volkswagen.
Os veículos atuais têm motores e outras tecnologias que permitem que eles andem em velocidades mais rápidas, enquanto carros especialmente produzidos para o transporte permitiriam velocidades mais lentas e, portanto, não precisariam ser aerodinâmicos ou ter motores poderosos. Isso permitiria carros com menos assentos e mais espaço para bagagem.
Três funcionários da Didi disseram que o formato final para um mercado de transporte urbano por aplicativo ainda é incerto e ninguém sabe o papel que as montadoras e a própria Didi terão. Eles não quiseram ser identificados porque não têm autorização para falar com repórteres.
Questões abertas para a Didi agora são como consertar, manter e direcionar uma frota de veículos autônomos, disse uma das fontes.
“Nosso entendimento agora é que provavelmente as montadoras não sabem 100% sobre como fazer tudo isso. A Didi também não sabe”, disse o funcionário.
Um porta-voz da Didi disse que os dois lados ainda estavam trabalhando nos detalhes de como seria a parceria.
“Potencialmente, ambos irão voltar as atenções em construir juntos um negócio de operação de frota e avançar em outras áreas potenciais como criação de novos modelos de carros para transporte urbano”, disse o porta-voz. (Reuters)