New Holland vê alta de 5% a 10% da venda de máquinas agrícolas no País

DCI 

 

As vendas de máquinas agrícolas devem crescer de 5% a 10% neste ano no Brasil, avalia o vice-presidente New Holland América Latina, Rafael Miotto. O desempenho se deve, em grande parte, aos preços das commodities em alta.

 

“Todos os sinais do setor agrícola e da economia indicam que este vai ser um ano bom”, destaca Miotto, referindo-se aos preços das commodities, que estão em alta, e à expectativa de uma safra farta de grãos.

 

No ano passado, as vendas de máquinas agrícolas no Brasil chegaram a 42,3 mil unidades, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Essas quantidades compreendem a colhedoras de cana, tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras. As vendas acumuladas nos primeiros três meses deste ano, entretanto, somam 7,5 mil unidades, ante 9,2 mil unidades no mesmo período do ano passado.

 

“A agricultura continua bem, as commodities estão com preço bom, mas temos uma eleição em nível nacional a caminho, com várias incertezas sobre os rumos que o País vai tomar, e há também a expectativa dos juros do próximo Plano Safra”, avalia Miotto.

 

Para a New Holland, ele aposta em um crescimento superior ao do mercado, na faixa de 10% a 20%. “Independentemente do mercado, o nosso crescimento tem sido significativo em termos de receita e volume”, afirma Miotto, referindo-se ao primeiro trimestre do ano. “Isso se deve à lançamentos bem sucedidos que fizemos no ano passado, a um posicionamento de marca muito claro sobre como queremos atender o agricultor. Lançamos uma nova linha de colheitadeiras que está indo muito bem”, complementa.

 

Biometano

 

A New Holland, que pertence à CNH Industrial, apresentou uma nova versão do trator movido a biometano desenvolvido pela companhia. O Brasil é o primeiro país da América Latina a receber o novo veículo conceito da marca.

 

O biometano é resultado da purificação do biogás que, por sua vez, é uma mistura de gases gerada a partir da degradação de matéria orgânica, como dejetos de animais, na ausência de oxigênio. “O elo que faltava para uma fazenda autossustentável em energia era um veículo agrícola tão produtivo quanto o diesel”, destaca Miotto. “E esse produto será tão viável quanto o movido a diesel em termos de custo-benefício”, garante.

 

O trator deve estar disponível no mercado, em nível global, no máximo em três anos, afirma o gerente de marketing para produto da New Holland, Nilson Righi. Segundo ele, a marca deve lançar outros produtos a base de biometano no futuro e não descarta a possibilidade de produzi-lo no Brasil. O novo modelo tem autonomia de nove a dez horas, ante cinco horas da versão anterior. Em operações equivalentes, a autonomia seria a mesma de um trator a diesel, garante Righi. Ele destaca a redução de custo de 30% e 50% de ruído (na condução) em relação ao diesel e de 80% na emissão de poluentes.

 

Segundo a empresa, o produto tem uma pegada de carbono próxima de zero e até negativa, em alguns casos. A New Holland já realizou testes com outros combustíveis, como propano e hidrogênio.

 

A primeira versão foi lançada no exterior em 2013, mas apresentada e testada no Brasil em 2017, em Santa Elena, no Paraná. O produtor Jan Haasjes, de Castro, também no Paraná, testa o modelo lançado em 2017 há um ano. Ele calcula que a produção de até 300 metros cúbicos do biocombustível seja suficiente para atender à demanda da sua propriedade, que conta com o trator, duas empilhadeiras, uma caminhonete e ainda vende a energia excedente. Ele investiu R$ 3,5 milhões em dois biodigestores ao longo dos últimos 15 anos. O retorno financeiro da empreitada ainda não veio, já que o custo que obtém com a venda da energia excedente é inferior ao que ele consome nas outras três propriedades. “Não produzo mais porque me faltam equipamentos movidos a biometano para destinar a produção”, explica.

 

A Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás) estima que a produção atual de biometano no País seja de 250 mil metros cúbicos por dia. A meta é dobrar o volume em um ano.

 

No entanto, o potencial do Brasil é bastante superior à produção, de cerca de 80 milhões de metros cúbicos por dia. “Se aproveitássemos todo esse potencial, daria para suprir um quarto da demanda de energia do País”, assegura o conselheiro da Abiogás, Gabriel Kropsch. (DCI/Marcela Caetano)