O Estado de S. Paulo
A fábrica de dinheiro que viraram os SUVs atinge todas as classes e serviu para quebrar paradigmas que pareciam impenetráveis. O espectro de atuação das marcas levou à criação de produtos diferentes entre si, ainda que rivais por preço. As possibilidades de variação dentro do segmento de SUVs hoje é maior do que a indústria conseguiu fazer com sedãs ou hatches. Tanto é que, no Brasil, até o compacto Renault Kwid é vendido sobre a chancela de SUV por atender algumas especificações para ser categorizado. Marcas tradicionais ligadas a sedãs, como Jaguar, e a esportivos, como a Porsche, estão no jogo. Assim os carros tendem a manter características da linha de produtos.
Modelos de alto luxo, ainda que não tenham produção local nem participação significativa nas vendas no Brasil, têm destaque globalmente e, apesar dos preços exorbitantes, alguns chegarão em breve ao País. No caso da Bentley, o Bentayga é um dos mais luxuosos que se pode encontrar. A Jaguar criou uma linha de sobrenome Pace (E-Pace, F-Pace e I-Pace) que mantém a boa dirigibilidade da marca. Tradicional em sedãs, a Rolls-Royce já confirmou que seu primeiro utilitário-esportivo, o Cullinan, chega no fim do ano.
O Cayenne, da Porsche, foi responsável por aumentar os lucros da marca e é basicamente um esportivo com espaço familiar já que, diferentemente de um Range Rover de preço semelhante, não tem qualquer aptidão para o uso no fora de estrada.
A Porsche apostou também em uma versão menor, o Macan, que apela aos mesmos predicados. A Ferrari confirmou que vai entrar no segmento e vai brigar com Lamborghini Urus que, se fosse vendido hoje no Brasil custaria perto de R$ 3 milhões. Isso dará início a uma categoria de SUVs puramente esportivos.
A busca por ampliar a atuação criou modelos que apelam para a forma, e não necessariamente para a função. É o caso de modelos como o Mercedes-Benz GLC Coupé ou GLE Coupé e os BMW X4 e X6, rivais diretos. Os modelos perdem em espaço interno, capacidade de porta-malas para criar um visual mais chamativo devido a curvatura do teto ao estilo de um cupê.
A Audi vai entrar nesse nicho com o Q8, que será apresentado em outubro.
Outra aplicação das marcas são as versões esportivas dos seus SUVs, com motores maiores, suspensões mais firmes, tudo que vai contra o propósito inicial desse tipo de produto, porém há espaço e público. Os SUVs mais rústicos ainda têm público fiel, que são aqueles derivados de picapes, como Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero. O rodar não é tão confortável, porém eles encaram melhor caminhos ruins.
A próxima onda, que já começou, são os SUVs conversíveis. A Nissan aposta no Murano Crosscabriolet e a Land Rover, no Evoque cabriolet. Da Mercedes-Benz, o Classe G, tem a versão Landaulet. E a Volkswagen agora vai para o time com uma versão do T-Roc, sobre base do Golf. (O Estado de S. Paulo/José Antonio Leme)