O Estado de S. Paulo
Um estudo divulgado ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) constatou que a chegada do Uber ao Brasil causou, em média, uma redução de 56,8% das corridas de aplicativos de táxis. A pesquisa foi realizada em 590 municípios, entre 2014 e 2016, e levou em conta critérios como número de corridas realizadas, mês e ano em que cada cidade passou a ser atendida, valor médio da corrida e distância média percorrida.
O levantamento aponta que “além de conquistar usuários de outros modais de transporte que não utilizavam serviços de aplicativos de táxi, o Uber também rivalizou com esses serviços, conquistando parte de seus usuários”.
O documento elogia a aprovação, em março deste ano, do projeto de lei que regulamenta os aplicativos de transporte individual de passageiros. E conclui que o serviço de transporte individual traz mais inovações aos consumidores, o que torna defasada a regulação atual dos táxis. “É necessário o amadurecimento do debate na direção da desregulamentação gradual dos serviços de táxi, em especial, nos aspectos relacionados a barreiras à entrada e liberdade tarifária”, afirma o Cade.
Em nota, a Easy, um dos maiores aplicativos de transporte da América Latina, que opera somente com táxi no Brasil, afirmou que corrobora com a conclusão do órgão público e apoia uma revisão das normas vigentes para a categoria.
A 99, que reúne carro particular e táxi na mesma plataforma, também avaliou de maneira positiva o estudo por indicar a necessidade de flexibilizar a regulamentação do táxi para aumentar sua competitividade, tanto em relação às barreiras de entrada (alvará) quanto à possibilidade de tarifa dinâmica.
A Uber ressaltou que o estudo foi focado em aplicativos de táxi, e não no próprio mercado de táxi. E que o dado de que a cada 1% de aumento de viagens por Uber, houve uma diminuição de apenas 0,09% nas viagens de aplicativos de táxi “indica claramente que mais pessoas passaram a usar esta alternativa complementando outras soluções de transporte, tal como o carro particular”.
Para o presidente do Sindicato dos Taxistas de São Paulo (Sinditaxi), Natalício Bezerra, os aplicativos não substituem a qualidade do serviço de táxi. “É mais barato, mas o atendimento é piorado”, diz. (O Estado de S. Paulo/Paulo Oliveira Neila Almeida)