Saída de Marchionne deixa Fiat Chrysler pronta para grande fusão

UOL Economia/Bloomberg

 

Sergio Marchionne passou os últimos 14 anos fazendo uma série de cisões e fusões para transformar a Fiat Chrysler Automobiles, um conglomerado italiano à beira da falência, na fabricante de carros de melhor desempenho dos EUA. Sua saída iminente poderia abrir as portas para o próximo grande acordo.

 

Marchionne, 65, começará seu último ano como CEO após a assembleia anual de acionistas da Fiat Chrysler, na sexta-feira, em Amsterdã. Seus planos de entregar o cargo a um de seus assessores já são conhecidos há muito tempo, mas o que acontecerá além disso é um mistério. A fabricante de carros, conhecida como FCA pelos investidores, não dará muitas explicações antes de apresentar seus planos para a era pós-Marchionne em uma reunião de investidores em junho, alimentando especulações.

 

“Este é claramente o fim de uma era e talvez mais, porque Marchionne não é só o cérebro por trás da FCA, ele é a FCA”, disse Giuseppe Berta, professor da Universidade Bocconi e ex-diretor dos arquivos da Fiat. “Quando ele sair, a FCA terá que mudar, e isso abre espaço para um grande acordo de transformação”.

 

Embora a Fiat tenha se tornado competitiva graças às manobras de Marchionne – coroadas pela fusão com a Chrysler em 2014 – a empresa ainda está atrás das gigantes globais Volkswagen e Toyota Motor. O tamanho é importante para o mercado de massa no setor automotivo em meio à pressão para realizar investimentos enormes em direção autônoma e veículos elétricos, e um acordo poderia ser do interesse da família Agnelli, o clã industrial italiano que controla a Fiat e tem se diversificado para além do volátil setor automotivo.

 

Estes são os três principais cenários de negócios para a proprietária das marcas Jeep, Alfa Romeo e Dodge, com base em discussões com analistas e investidores da Fiat. A empresa preferiu não fazer comentários sobre sua futura estratégia.

 

Nos EUA

 

Depois que a General Motors rejeitou a oferta de fusão da Fiat, há três anos, a queda nas vendas de veículos nos EUA e as decisões relacionadas à política “American First” do presidente Donald Trump poderiam reavivar as chances de um acordo com um par americano. A Ford Motor atualmente é vista como a melhor opção. Ambas as empresas são propriedade de famílias e podem explorar sinergias em plataformas de alto volume, como a de picapes.

 

Na Europa

 

Um acordo entre a Fiat e a Volkswagen vem sendo considerado há muito tempo e daria à gigante automotiva alemã uma credibilidade instantânea nos EUA, onde tem dificuldades há anos, e proporcionaria uma nova fonte de lucros para a divisão de

picapes Ram. Mas um acordo ainda pode ser prematuro, já que a Volkswagen continua trabalhando para solucionar o escândalo do diesel e há uma reforma administrativa em andamento.

 

Na China

 

À medida que as fabricantes chinesas de carros ampliam sua influência, a Fiat Chrysler se torna uma oportunidade atraente para adquirir uma linha cobiçada de marcas, especialmente a Jeep. A Zhejiang Geely Holding Group, dona da Volvo Cars, manteve conversas informais sobre uma possível aquisição da empresa antes de o bilionário fundador da fabricante chinesa se interessar pela controladora da Mercedes-Benz, a Daimler, disseram pessoas a par do assunto em fevereiro. (UOL Economia/Bloomberg/Ania Nussbaum e Ying Tian)