O Estado de S. Paulo
Os grupos de, no mínimo, cinco pessoas que precisam se transportar, sem carro próprio, para um evento na cidade de São Paulo ou para uma praia no fim de semana ganharão, a partir da segunda quinzena deste mês, a possibilidade de solicitar van, micro-ônibus ou ônibus por aplicativo. Espécie de “Uber fretado”, o Bondi poderá ser solicitado por demanda – com espera estimada de 10 a 40 minutos – ou por agendamento.
O aplicativo nasce com a proposta de eliminar os intermediários entre o passageiro e o motorista do fretado na negociação dos serviços. A expectativa é de lançar o serviço com 1,3 mil veículos cadastrados – 750 vans, 150 micro-ônibus e 400 ônibus.
Segundo a Bondi, de tecnologia Arthur Paranhos 100% brasileira, o modelo de conectar empresas a clientes sem intermediários poderá reduzir em até 40% o custo final para usuários do app. Esse será “o grande diferencial”, diz o diretor de Planejamento Estratégico, Henrique Camillo. A empresa promete efetuar o pagamento ao motorista em até sete dias.
Como aplicativos de transportes como o Uber, o Bondi terá tarifa dinâmica: o valor será calculado segundo a disponibilidade dos veículos. O cálculo considera a tarifa base, o custo do quilômetro rodado, o tempo de deslocamento e o trânsito.
Ao pedir van, micro-ônibus ou ônibus, a previsão média de confirmação é de 10 a 20 minutos, a depender do veículo. Segundo Camillo, quando não houver veículos disponíveis nas proximidades, o tempo de deslocamento das garagens até o endereço solicitado pode chegar a 40 minutos. “A plataforma vai servir para quem quer ir a show, happy hour, viagem com família para outro Estado ou passeio.”
O diretor de Tecnologia e Operações da Bondi, Marcelo Santos, afirma que o serviço é inédito no País e nasce para uma demanda diferente do Uber. “O Bondi consegue transportar mais de quatro passageiros no mesmo veículo e o Uber não, porque é um carro. Essa é a maior diferença”, explica.
De acordo com Santos, as vans do aplicativo poderão levar até 10 passageiros com bagagens e 15 pessoas sem malas. “Essa regra vale somente para as vans porque o bagageiro é interno. No micro-ônibus, o bagageiro é externo”, diz. Isso significa que um micro-ônibus solicitado pelo Bondi tem capacidade para até 32 pessoas com ou sem bagagens, já que não interfere no interior do veículo.
O ônibus comporta de 46 a 50 lugares. “Também vamos oferecer ônibus com dois andares, que podem levar até 58 passageiros. É semileito, para uma classe executiva”, explica o diretor de Tecnologia e Operações.
Na capital paulista, outra funcionalidade do Bondi é a carona para divisão de custos. Na rota do trajeto, outras pessoas podem se unir ao veículo para pagar mais barato na viagem.
Prestadores de serviço
Em processo de cadastro no Bondi, o empresário Edivaldo Pereira Pessoa, dono da MGP, costuma atender clientes somente com a contratação de outras agências. Normalmente, em função das autorizações, uma viagem intermunicipal requer antecedência de até 24 horas e uma interestadual, de pelo menos um dia, diz. Pessoa espera “competitividade e rapidez no atendimento”.
“Vamos ver se o app vai fazer mesmo o que está prometendo de pagar em uma semana. Será fantástico, porque meus funcionários são todos CLT e não posso ficar esperando meses para ser pagos pelas agências.” Segundo Pessoa, há empresas que levam até 90 dias para pagar.
“O grande trunfo desse app vai ser tirar o intermediário, que atrapalha – e muito – o fluxo do trabalho, mas que, em contrapartida, é quem me dá o arroz com feijão, o serviço”, diz o empresário, que usará o Bondi como complemento ao trabalho que já faz com agências de turismo.
Para Arthur Paranhos, dono da Via Serta, o app dará confiança para os usuários, pois exigirá cadastro, documentação e manutenção. “Hoje, o usuário pode pegar van que está com pneu careca, motor quebrado, sem IPVA pago. O app vai facilitar a segurança do usuário no transporte porque exige uma série de documentos.”
O contrato do Bondi é feito com o empresário, que tem acesso ao app e recebe relatórios com as corridas realizadas, além do valor. Mas a decisão de aceitar ou negar a viagem é feita diretamente pelo motorista via aplicativo. A empresa prevê transportar mais de 18 mil pessoas por dia, chegando ao fim de 2018 com cerca de 5 milhões de pessoas atendidas.
“Com o app, vou utilizar minha frota mais vezes porque a plataforma procura quem está parado na garagem. Isso pode fazer o preço cair”, proprietário da Via Serta. (O Estado de S. Paulo/Juliana Diógenes)