O Estado de S. Paulo
Os principais argumentos do grupo contrário ao rodízio restrito no comando da Anfavea é o de que as “quatro grandes” montadoras de automóveis vêm perdendo participação no mercado e o ranking apresenta variações.
Em 2016 a Hyundai ficou em quarto lugar em vendas, desbancando a Ford, que ficou em sexto. No ano passado a marca coreana que abriu fábrica em Piracicaba (SP) em 2012 foi a quinta da lista, com a Ford recuperando o quarto lugar. Estas posições estão mantidas nos três primeiros meses deste ano.
“Antes, as quatro grandes detinham quase 70% do mercado de automóveis, mas hoje essa participação não é tão expressiva”, diz um executivo do setor. A fatia atual delas é de 54%.
Outro argumento é que Rogelio Golfarb, da Ford, ocupou o cargo entre 2004 e 2007. “Muita gente não quer ele, pois já teve sua chance e agora é a vez de outros”, diz outra fonte.
Nenhuma montadora quis falar oficialmente sobre o tema. A Anfavea apenas afirma que “o processo eleitoral oficialmente ainda não começou”.
Luva cara
Em 2012, às vésperas da eleição que levou à presidência Luiz Moan, da GM, já houve um movimento de descontentamento. Dois anos depois, algumas montadoras que chegaram ao País mais recentemente relutaram em entrar na
Anfavea porque discordavam do alto valor cobrado em ‘luva’ para a filiação, na casa de US$ 1 milhão, e ameaçaram permanecer na entidade representativa dos importadores, a Abeiva, que trocou sua razão social para Abeifa para poder incluir também fabricantes. O preço da ‘luva’ então caiu e foi parcelado.
Depois de Moan, o atual presidente, Antonio Megale, da Volkswagen, assumiu o cargo com aprovação geral das filiadas. Já para a próxima eleição, em março de 2019, os debates de bastidores foram antecipados, na tentativa de angariar apoios em ambos os lados.
Os candidatos novatos podem conseguir votos das empresas que simplesmente querem o fim do rodízio, independente de quem será o presidente. Há nove associados que, teoricamente, apoiam o rodízio: as cinco grandes em automóveis e caminhões e suas coligadas Audi, MAN, Scania e CNH. A oposição tentará conquistar parte das outras filiadas.
A ambição dos opositores pode ser barrada no quesito curricular. “O eleito precisa ter relações com o alto escalão do governo, saber lidar com as diferentes demandas das empresas e estar bem preparado para o processo de transformação que toda a indústria automobilística mundial está passando”, lista um dirigente, para quem os novatos ainda não têm esse perfil. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)