O Estado de S. Paulo/The New York Times
Há apenas um ano, a Tesla parecia uma força crescente destinada a revolucionar a indústria automobilística. Seu sedã modelo S movido a bateria era moda entre os compradores de carros de luxo. Seu sistema de piloto automático parecia muito à frente de seus concorrentes na tecnologia. Seu fundador e presidente, Elon Musk, prometia que o modelo 3, mais acessível, sairia em breve de sua linha de montagem.
Desde então, porém, muitas coisas mudaram e a empresa se vê em dificuldades crescentes.
O desenvolvimento do modelo 3 registrou falhas e atrasos – “inferno industrial”, como disse Musk. Os esforços da empresa com seu carro autônomo foram ofuscados, e a Tesla continuou a perder dinheiro trimestre após trimestre.
Na semana passada, os problemas da Tesla se intensificaram. A agência Moody’s rebaixou a classificação de crédito da empresa. O caso parece ser grave. Alguns analistas estão perguntando se a empresa pode ficar sem dinheiro até o fim do ano. “Eu disse há algum tempo que a Tesla está longe de ser uma aposta certa, ou uma empresa estável”, disse Clement Thibault, analista sênior da Investing.com.
Papéis
As ações da Tesla caíram 8% na terça-feira e mais 8% na quarta-feira, e apesar de terem se recuperado na quinta-feira, os papéis perderam quase um quarto do seu valor em menos de três semanas.
Um representante da Tesla se recusou a fazer comentários sobre as finanças da empresa.
Mas os problemas vão além do balanço contábil. Investigadores federais apuram um acidente que matou um motorista da Tesla na semana passada na Califórnia, incluindo a possibilidade de que o piloto automático estivesse em uso.
E na última quinta-feira a Tesla anunciou um recall de 123 mil carros modelo S fabricados antes de abril de 2016 para substituir parafusos que mantêm no lugar o motor de direção elétrica. Os parafusos podem ficar corroídos e quebrar, deixando os motoristas apenas com a direção manual. A empresa disse que não houve acidentes ou ferimentos relacionados ao problema.
A embicada da Tesla para baixo é uma sacudida tanto para a empresa quanto para o empresário Elon Musk, que construiu uma reputação não apenas como visionário, mas também como empreendedor, planejando uma marca de carros, inaugurando uma fábrica de baterias no que seria o maior prédio do mundo e lançando foguetes por meio de seu empreendimento Space X.
“Há uma grande parte da Tesla que é simplesmente apresentação e não substância, e Elon é um mestre de marketing”, disse Karl Brauer, analista sênior da Kelley Blue Book. (O Estado de S. Paulo/The New York Times/Neal E. Boudettemarch)