AutoIndústria
O Brasil não pode ignorar a importância do etanol como saída eficaz para a questão da eficiência energética para o País. A avaliação é do CEO da FCA, Fiat Chrysler Automobiles, Sergio Marchionne, para quem o programa Rota 2030, ainda não aprovado pelo governo, é uma solução inteligente nesse sentido.
Marchionne foi enfático na defesa do etanol durante entrevista coletiva para um grupo de jornalistas que concedeu pouco antes da solenidade de divulgação da instalação do terceiro turno no Polo Automotivo Jeep em Goiana, PE, na sexta-feira, 23. Questionado sobre o futuro dos elétricos e híbridos no Brasil e no mundo, disse ser impossível criar um modelo econômico que traga eletrificação completa para qualquer país:
“É interessante trazer essa questão para o Brasil porque aqui tem o etanol, um ingrediente-chave na questão do problema energético. Vocês têm de nutrir o que têm. É uma solução que vocês têm dentro de casa e, portanto, não precisam de eletrificação”.
Na sua avaliação, o governo brasileiro não pode ignorar a oportunidade que o etanol traz como solução energética. “O Brasil tem domínio sobre o combustível e é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Não pode perder essa oportunidade”.
O tema, inclusive, é parte central das discussões do Rota 2030, como lembrou Stefan Ketter, que acompanhou Marchionne na coletiva de sexta-feira ainda como presidente da FCA para a América Latina – sua volta para a Europa foi anunciada pelo CEO mundial durante o bate-papo com os jornalistas.
“O etanol é parte primária do novo programa automotivo. O assunto foi exaustivamente discutido e o Rota 2030 agora só precisa ser ratificado”, defendeu Ketter.
No centro das discussões sobre incentivos a Pesquisa & Desenvolvimento está justamente o combustível alternativo aqui utilizado, ou seja, como incrementar avanços nessa área para garantir um importante diferencial para o País. Estudos já divulgados pela AEA, Associação Brasileira da Engenharia Automotiva, mostram que em seu ciclo total o etanol é menos poluente do que um veículo elétrico.
Polo exportador
Marchionne também aproveitou a visita ao Brasil para defender maiores incentivos às exportações dos veículos aqui produzidos: “O País historicamente sempre olhou muito para dentro. É preciso que o Brasil abrace as oportunidades de exportação de uma maneira geral, que use a FCA e outras empresas para navegar nesse processo”.
Outro assunto abordado pelo CEO mundial foi a perda de participação da Fiat no mercado brasileiro. “O mercado de carros evolui as vezes de forma estranha, singular. É o caso da ascensão das SUVs. Aqui nós decidimos trazer os SUVs com a marca Jeep, que complementa a gama local da FCA como um todo”.
Boatos de venda
Marchionne também falou sobre os boatos de venda da FCA, envolvendo rumores sobre negociação com chineses, coreanos, alemães e até de interesse da General Motors em uma eventual transação.
E foi claro quanto à posição da companhia: “Não estamos querendo vender. Pelo meu conhecimento, nossos acionistas não têm esse interesse”.
Segundo ele, o plano de cinco anos de investimentos que encerra-se em junho – no dia 1º de julho será anunciado novo ciclo de aportes mundiais – trouxe os resultados esperados. “Estamos felizes trabalhando sozinhos”. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)