O Estado de S. Paulo
Condição essencial para o crescimento de longo prazo, o investimento continuou em expansão em janeiro, segundo o Monitor do PIB, publicação mensal da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com esse e outros detalhes positivos, a nova edição do boletim confirma a continuidade da recuperação no começo do ano, já apontada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado na semana anterior. Como o IBC-Br, o Monitor descreve um desempenho melhor que o de um ano antes e um recuo em relação a dezembro. O avanço em relação ao ano anterior é mostrado pelos indicadores mensal, trimestral e acumulado em 12 meses. Para prosseguir em ascensão a economia dependerá da confiança dos empresários, da segurança dos consumidores e – fator mais incerto – das condições políticas de um ano de eleições. A confiança dos empresários da indústria, também segundo a FGV, continuou em alta em março.
Em janeiro, o Produto Interno Bruto (PIB) foi 0,3% menor que em dezembro, mas 2,8% maior que o de um ano antes. A continuidade do crescimento também é visível na comparação dos trimestres móveis terminados em janeiro deste ano e de 2017. A distância, nesse caso, é de 2,2%. Em 12 meses o crescimento foi de 1,2%, ligeiramente maior do que no período de janeiro a dezembro de 2017, quando chegou a 1%, de acordo com as Contas Nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda mensal de 0,3% em janeiro, estimada pela FGV, foi menor que a apontada pelo IBC-Br, de 0,56%, mas, de toda forma, nenhum dos dois números anula ou compromete de forma significativa a trajetória de crescimento visível nas comparações interanuais. Além disso, os detalhes apresentados no Monitor mais uma vez mostram a recuperação amplamente espalhada entre os setores – informação indisponível no IBC-Br tal como divulgado mensalmente.
A comparação interanual dos trimestres móveis encerrados em janeiro aponta avanços de 8,2% na agropecuária, de 6,1% na indústria de transformação, de 4,6% no comércio interno e de 2,9% no transporte. No caso da atividade rural, o ganho de 6,1% resultou do desempenho notável da pecuária (+26%), porque a produção agrícola no trimestre recente foi 1,9% menor que a do período base de comparação.
A expansão da economia continuou sendo puxada pelo consumo, favorecido pelo amplo recuo da inflação, pela melhora das condições de emprego e, de modo geral, pela sensação de segurança indicada em várias sondagens dos consumidores. No trimestre móvel terminado em janeiro, o consumo foi 2,7% superior ao do período encerrado em janeiro de 2017. Mas também a despesa com investimento produtivo tem contribuído para movimentar a economia. Esse investimento, medido como formação bruta de capital fixo, foi 4,4% maior que no trimestre findo em janeiro do ano passado. Mas esse crescimento continuou refletindo principalmente a compra de máquinas e equipamentos (+15,5%), porque o mesmo confronto apontou um recuo de 1,6% na atividade da construção.
Além de fortalecer imediatamente a atividade econômica, o avanço do investimento, embora ainda insuficiente para as necessidades brasileiras, vai reforçando o potencial produtivo do País e as possibilidades de expansão por vários anos. O valor investido correspondeu a 17,7% do PIB. Nos 12 meses do ano passado a proporção foi de 15,7%, de acordo com os dados do IBGE.
A disposição de investir depende de vários fatores, com destaque para a confiança dos empresários no futuro da economia. Pelos últimos dados da FGV, o Índice de Confiança da Indústria subiu 1,7 ponto e atingiu 102,1 pontos em março, o nível mais alto desde junho de 2013. Aumentaram os dois componentes do índice – o de avaliação do quadro atual e o de expectativas. Por enquanto, a boa disposição se sobrepõe à incerteza política. (O Estado de S. Paulo)