O Estado de S. Paulo
Cumprindo agenda de pré-candidato à reeleição, o presidente da República, Michel Temer, anunciou nesta sexta-feira, 23, em Pernambuco, a extensão do regime especial automotivo do Nordeste por mais cinco anos, um pleito da indústria.
O programa traz incentivos à instalação na região de indústrias de veículos e do mercado de autopeças. Os benefícios venceriam em dezembro de 2020. Originalmente, ele havia sido pensado para durar dez anos e previa facilidades para quitação tributos federais como PIS-Cofins.
“Em face de ter havido há tempos atrás um regime especial para o setor automotivo do Nordeste, quero anunciar solenemente que vamos providenciar a prorrogação por mais cinco anos para o setor automotivo”, disse Temer sob aplausos de uma plateia de empregados uniformizados na sede da fábrica Jeep do grupo Fiat-Chrysler Automobiles (FCA), em Goiana (PE). “Eu acho que não deveria dizer mais nada, porque ganhar mais aplausos do que nós ganhamos agora seria impossível.”
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), pediu publicamente ao presidente que analisasse a prorrogação dos benefícios automotivos, que havia sido solicitado ao presidente. “Isso é fundamental para que esse projeto, que começou em 2010 possa continuar pelas próximas décadas sendo referência na indústria automobilística mundial”, disse Câmara.
O presidente participou de cerimônia que marcou o início do funcionamento em três turnos da fábrica de automóveis do grupo Fiat-Chrysler Automobiles (FCA), em Goiana, na região metropolitana de Recife. A unidade passará a produzir com a linha de montagem em funcionamento ininterrupto. Para isso, foram contratados mais 1.500 empregados na planta automotiva e nas 16 empresas do parque anexo de fornecedores, no mesmo perímetro industrial. A expansão para três turnos é o último passo da expansão da unidade.
A planta industrial poderá fabricar até 250 mil veículos por ano. Atualmente, são produzidos 179 mil carros modelos Jeep Compass e Renegade e Fiat Toro. Segundo a assessoria da FCA, ao todo, o polo automotivo Jeep tem 13.600 pessoas empregadas – 4.850 colaboradores na planta automotiva Jeep, 5.660 no parque de fornecedores e outros 3.100 terceirizados. A empresa prevê novas contratações até o fim do ano.
“Ninguém contrata, ninguém estende jornada de trabalho sem o horizonte econômico favorável”, disse o presidente. “O empresário, legitimamente, não aplica no dia de amanhã, aplica no dia depois de amanhã e daqui a muitos anos. Quando ele vê o que está acontecendo no Brasil, ele diz ‘posso investir, ampliar as atividades”. Nós podemos dizer que acertamos ao trazer a responsabilidade de volta para o centro de nossas políticas econômicas, ao lado do Meirelles.
A visita do presidente faz parte de uma estratégia para buscar agendas positivas contra a baixa popularidade e a desaprovação de 94%, conforme pesquisa Barômetro Político Estadão – Ipsos. Na ida à planta, Temer aproveitou para citar dados de queda do desemprego no País. O presidente também disse que venceu a recessão e começou a reduzir o número de cerca de 14 milhões de desempregados no País, de quando assumiu o Planalto.
De acordo com acompanhamento do IBGE, o número de desempregados em janeiro estava em 12,7 milhões. Ele afirmou que em sua gestão já foram criados cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho com carteira assinada ou atividades que classificou como mais modestas. Antes, Temer havia participado da inauguração de um projeto agrícola de irrigação com águas do Rio São Francisco em Xique-Xique, no semiárido baiano.
Temer afirmou que a obra poderá gerar entre 4 mil e 5 mil empregos diretos e indiretos. O presidente também anunciou que vai propor ao Congresso Nacional a derrubada do veto ao Refis para micros e pequenas empresas.
Protesto
A agenda pública de Temer foi alvo de protestos em Pernambuco. Caminhoneiros estacionaram na rodovia BR-101, em Goiana. Em frente à fábrica, motoristas de caminhões cegonha estacionaram com faixas contra pedindo que a Jeep (Fiat-Chrysler) devolvesse incentivos fiscais. Deslocando-se de helicóptero, Temer escapou dos protestos. A comitiva presidencial ainda visitou a planta de medicamentos da estatal Hemobrás, nas proximidades da zona industrial da fábrica da Jeep. O evento foi restrito, sem presença de jornalistas. (O Estado de S. Paulo/Felipe Frazão)