Indústria 4.0 ainda está longe do patamar ideal

DCI/Agência Estado

 

Apesar das recentes medidas de incentivo anunciadas pelo governo, o caminho para a indústria 4.0 no Brasil ainda é longo. De acordo com empresas de automação, os investimentos ainda são insuficientes para atualizar o parque fabril do País.

 

“A produção brasileira é muito defasada. Existe uma série de arestas que precisam ser aparadas para trazer o chão de fábrica atrasado para o 4.0”, afirma o CEO da Roboris, Guilherme Souza.

 

No último dia 14, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) anunciou em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 no Fórum Econômico Mundial. O pacote inclui medidas como alíquota zero para importação de robôs, linhas de crédito à indústria e recursos para fábricas do futuro. Contudo, para Souza, incentivos fiscais teriam um efeito mais relevante.

 

“O pacote é interessante, mas não causa grandes alterações. Reduzir o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) causaria um impacto muito maior. A solução real passa pela diminuição do custo do produto”.

 

O diretor-presidente da Motoman, Icaru Sakuyoshi, vê na ação do governo uma tendência para apoiar a indústria, mas aponta outras medidas necessárias. “A principal seria a oferta de linhas de financiamento para pequenas e médias empresas com taxas de juros reduzidas, para que se possa investir em automação.”

 

Sakuyoshi avalia como positiva a alíquota zero para importação de robôs, mas destaca o atraso do Brasil no segmento. “A China instalou 130 mil robôs em 2017. Aqui não chegamos a dois mil. Não se pode falar de ganho de produtividade e competitividade sem automação”.

 

Souza entende que os R$ 30 milhões destinados para o desenvolvimento de novas tecnologias é pouco. “É um valor interessante, mas muito embrionário. Algumas empresas não desenvolvem tecnologia e apenas importam”.

 

O presidente da ABDI, Guto Ferreira, afirma que o objetivo da agenda é nortear o mercado e que a questão de isenções fiscais não é considerada. “O governo é só um indutor dessa transformação. A indústria precisa investir em tecnologia se quiser se manter competitiva.” A entidade estima que cerca de 5% das indústrias locais se encontram no estágio 4.0 e projeta que 18% alcancem este patamar nos próximos 20 anos. Os setores priorizados seriam têxtil, automobilístico e agronegócio. “São cadeias que têm condições de estar entre os líderes globais”, diz Ferreira.

 

Ele aponta que outro objetivo da agenda é ajudar o desenvolvimento da manufatura. “O Brasil, dentro de suas dimensões continentais, possui indústrias 1.0, 2.0 e 3.0. É importante evoluir essas empresas para um degrau acima”. (DCI/Agência Estado)