Jornal do Carro
A Volkswagen está realmente disposta a tirar o atraso de anos de marasmo no mercado brasileiro. Em um curto intervalo de tempo, a montadora sediada em São Bernardo do Campo lançou o Polo, o Virtus e a Amarok V6. O próximo da lista é o Tiguan, que deve chegar já no mês, diz uma fonte da empresa.
A marca alemã foi duramente atingida pelo escândalo da fraude nas emissões de motores diesel, no caso conhecido como “Dieselgate”.
O episódio culminou com multas milionárias impostas à empresa e perda de prestígio, principalmente nos Estados Unidos.
Depois de descer ao inferno, a marca começou a se reerguer. Uma das medidas foi abandonar o salto alto e o slogan “Das Auto”, termo cheio de soberba que significa “O Carro”, como se os modelos da marca estivessem em outro nível, uma autopromoção que se mostrou exagerada.
Depois disso, reconheceu publicamente seus erros e fez o meia culpa. Em praticamente todas as vezes em que se encontra com a imprensa, os executivos da marca reconhecem os erros do passado. É o caso da reprodução abaixo, durante a apresentação da Amarok V6, no final de fevereiro. Até no Power Point, a Volkswagen reconhece que foi “fria, lenta e envelhecida”, e que está mudando.
A sequência de lançamentos mostra que ela não está apenas no discurso. A montadora promete 20 lançamentos até 2020, pacote que envolve os três que já estão no mercado (Polo, Virtus e Amarok V6).
Os resultados começaram a aparecer a partir do lançamento do Polo. A Volkswagen conseguiu fechar 2017 na segunda posição, ultrapassando a Fiat. O objetivo é retomar a liderança do mercado, mas a GM tem uma boa vantagem.
Durante a apresentação do Passat 2018 (mais informações aqui), na semana passada, o presidente da Volkswagen do Brasil, o argentino Pablo Di Si, mostrou a evolução em números: no primeiro bimestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano passado, a Volkswagen obteve elevação de 37,4% nos emplacamentos. Foi de 35.377 veículos e comerciais leves em 2017 para 48.607 unidades este ano. É um número bem maior que a média do mercado, que subiu 18,6%.
O próprio Passat é um exemplo: embora os executivos da Volkswagen evitem ao máximo fazer previsão sobre número de vendas, o vice-presidente de Vendas e Marketing da empresa, Gustavo Schmidt, disse que a expectativa é dobrar o volume obtido no ano passado, quando foram vendidas cerca de 560 unidades.
E ainda vem mais por aí, caso do T-Cross, o SUV a ser produzido na mesma plataforma MQB do Polo. Atualmente, a Volkswagen não participa do segmento que mais cresce no País, e precisa urgentemente desse “jogador” para ficar mais competitiva.
Para sair do economês e voltar ao Tiguan, aí vai um vídeo sobre a utilização na prática do sistema Traffic Jam Assist, que controla direção, frenagem e aceleração do Tiguan (e de outros modelos da Volkswagen e Audi).
É uma demonstração de uso da tecnologia no mundo real, e a prova de que ainda há muito o que melhorar. O dispositivo mantém o veículo na faixa, mas ainda pede a intervenção do motorista, porque às vezes ele se aproxima muito dos limites da divisão pintada no chão.
Em outras palavras, os carros semiautônomos estão em um estágio de aprendizagem. Tudo indica que em pouco tempo eles serão exímios “motoristas”, mas ainda podem cometer falhas – como qualquer recém-habilitado, aliás. Os carros precisam de ganhar experiência, e provavelmente as montadoras ainda terão de investir alguns milhões de dólares nesse campo.
Nesse tipo de sistema, o automóvel ainda exige que o motorista coloque as mãos no volante em intervalos regulares (cerca de dez segundos, dependendo da fabricante), porque, entre outras razões, a lei obriga que o motorista esteja no controle todo o tempo.
O carro “sabe” se tem alguém ao volante medindo a força que as mãos fazem ao esterçar. Se não há nenhuma força atuando, nem que seja para efetuar leves correções de direção, o veículo emite alertas visual (no quadro de instrumentos) e sonoro para que o motorista assuma o comando. Se não o fizer, o veículo pode até cortar a aceleração e frear. (Jornal do Carro)