Sem Rota 2030, Anfavea prevê menos investimento

O Estado de S. Paulo

 

A demora do governo em anunciar o Rota 2030, programa que teria duração de 15 anos, pode resultar em redução de investimentos das montadoras no Brasil, afirma o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

 

O Rota, por exemplo, prevê incentivo fiscal anual de R$ 1,5 bilhão (o mesmo aplicado no Inovar-Auto, que terminou em dezembro), para projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Para ele, o maior entrave não é o valor, pois “o setor gera, por ano, cerca de R$ 40 bilhões em impostos”. O problema está na forma como o incentivo seria concedido.

 

Uma das propostas do governo é usar a Lei do Bem, que abate o incentivo do Imposto de Renda a pagar. “O problema é que as empresas ainda estão dando prejuízo e, por isso, não vão pagar Imposto de Renda”, afirma Megale.

 

Sem o incentivo, o investimento em P&D sairá do Brasil e voltará para as matrizes no exterior, prevê o executivo. Com isso, o investimento em etanol no País seria abandonado.

 

Outra medida do Rota é estabelecer metas de eficiência energética para carros que circulam no País. No Inovar-Auto, a meta era reduzir o consumo em 12% e, quem ultrapassou esse porcentual obteve desconto extra no IPI. As montadoras alegam que fizeram elevados investimentos para atingir esses níveis e, sem a definição da próxima etapa, a alocação de novos recursos fica prejudicada

 

“A decisão da montadora vai depender de com qual cenário vamos trabalhar. Se não há necessidade de um certo nível de eficiência, as montadoras podem reduzir investimentos”, diz o presidente da Anfavea.

 

Para Dan Ioschpe, presidente do Sindicato da Indústria de Componentes para Veículos (Sindipeças), sem novas regras para eficiência energética há o risco de “nosso mercado ser invadido por produtos” que não cumprem as exigências atuais. Eles chegariam com preços abaixo dos modelos nacionais que incorporaram novas tecnologias para reduzir o consumo.

 

Em sua opinião, aspectos do Rota já definidos e que têm consenso de todos os formuladores do programa já poderiam entrar em vigor. (O Estado de S.Paulo/André Ítalo Rocha e Cleide Silva)