O Povo
Montadoras alemãs com a Volks também produzem nos EUAPresidente americano anuncia que se europeus reagirem à sua decisão de sobretaxar aço e alumínio, EUA vão tarifar veículos da Europa. Pequim diz que não ficará de “braços cruzados” se Washington iniciar guerra comercial. O presidente Donald Trump ameaçou neste sábado (03/03), através do Twitter, taxar as importações de carros da União Europeia (UE), caso o bloco europeu reaja à decisão americana de tarifar o aço e o alumínio.
“Se a UE aumentar ainda mais as suas já enormes taxas e barreiras a empresas americanas que fazem negócios lá, nós simplesmente iremos aplicar uma tarifa sobre os carros deles, que entram livremente nos EUA. Eles impossibilitam que nossos carros (e mais) sejam vendidos lá. Grande desequilíbrio comercial!”, tuitou Trump.
O jornal americano The Washington Post informou no sábado que o principal alvo dos ataques de Trump nas redes sociais seria a Alemanha.
Segundo o diário, um dos principais assessores comerciais de Trump, Peter Navarro, acredita que as montadoras alemãs ganharam injustamente participação no mercado dos EUA com a importação em massa de veículos, mas limitando, ao mesmo tempo, a quantidade de automóveis americanos vendidos na Alemanha.
Em 2017, por volta de 1,35 milhão de novos carros alemães foram vendidos nos EUA, o que corresponde a um aumento de 1% nas vendas, de acordo com a Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA). O ex-presidente da VDA disse, antes de deixar o cargo nesta semana, esperar que essa tendência “continue a aumentar em 2018”.
Importante mercado
Para os fabricantes alemães de automóveis, os EUA são um mercado importante. No entanto, montadoras como Volks e BMW também produzem nos Estados Unidos e até mesmo exportam carros a partir dali.
De acordo com a Associação Alemã da Indústria Automotiva, as empresas de automóveis alemãs produziram 803 mil veículos nos EUA em 2017. Juntas, elas detêm uma parcela de apenas 7,9% no mercado americano de carros novos.
Os tuítes de Trump seguem o seu anúncio, da última quarta-feira, de que vai aplicar uma tarifa de 25% sobre as importações e de 10% sobre as de alumínio. Isso levou a União Europeia a se mostrar disposta ao contra-ataque.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, prometeu tarifas punitivas sobre produtos tipicamente americanos, como uísque Bourbon, motocicletas Harley-Davidson ou jeans Levi’s. Trump respondeu agora a esse anúncio com sua ameaça às montadoras.
Reações chinesas
Também países como o Canadá, a China, a Austrália, o México e a Rússia protestaram fortemente contra as sobretaxas planejadas por Trump. O governo chinês advertiu neste domingo que não ficará de braços cruzados se Washington iniciar uma guerra comercial, na qual tomará “as medidas necessárias” para defender seus interesses.
“A China não quer uma guerra comercial com os Estados Unidos, mas se os EUA aprovarem ações que danificam os interesses chineses, Pequim não ficará de braços cruzados e tomará as medidas necessárias”, afirmou em entrevista coletiva Zhang Yesui, porta-voz do plenário da Assembleia Nacional Popular (ANP).
Zhang lembrou que o total de trocas comerciais entre ambas as potências econômicas alcançou mais de 580 bilhões de dólares em 2017, por isso “é natural que haja alguns atritos”.
No entanto, insistiu que a cooperação é a única saída para essas diferenças e citou como exemplo a visita a Washington realizada nessa semana pelo principal assessor econômico do governo chinês, Liu He, para uma série de reuniões com responsáveis do governo americano.
Pelo lado alemão, o coordenador das Relações Transatlânticas no Ministério do Exterior em Berlim, Jürgen Hardt, deverá viajar neste domingo a Washington para tratar também das disputas comerciais. (O Povo)