Estado de Minas/Agência Estado
O grupo PSA, que controla as marcas francesas Peugeot e Citröen, admitiu nesta quinta-feira, 1, que também tem excedido os limites do acordo comercial entre Brasil e Argentina para veículos e autopeças. O documento diz que, para cada US$ 1 que os argentinos exportam para o mercado brasileiro, o caminho inverso tem de ser de até US$ 1,5. Esta relação é chamada pelos dois governos de “flex”.
Como a demanda de consumidores brasileiros enfrentou uma forte queda durante a crise econômica, a necessidade de importar carros argentinos também despencou. Por outro lado, as vendas no país vizinho têm crescido nos últimos anos, o que tem estimulado as exportações brasileiras para lá. Tal desequilíbrio tem levado o “flex” de todo o setor a atingir algo um pouco acima de US$ 2.
Com a balança desfavorável para a Argentina, o presidente Mauricio Macri reagiu exigindo que as filiais argentinas das montadoras responsáveis por esse excesso depositassem uma garantia, que corresponde a uma antecipação da multa que terá de ser paga quando o acordo expirar, em junho de 2020. Se o desequilíbrio permanecer depois do fim do acordo, a garantia é executada.
Em entrevista coletiva, o diretor financeiro do grupo PSA, Gustavo Soloaga, admitiu que a empresa está “desequilibrada” e afirmou que as garantias serão depositadas. “Somos muito respeitosos da lei”, disse. Ele, que espera que o equilíbrio seja retomado até o fim do acordo, não quis revelar qual o valor da garantia cobrada à PSA.
A garantia é referente ao período que vai de julho de 2015, quando teve início a última renovação do acordo, até junho de 2017, quando esta renovação completou dois anos. Nesse período, o “flex” ficou em US$ 1,8. Em julho de 2017, a Argentina publicou resolução na qual avisou que vai cobrar as garantias das empresas. Mesmo assim, desde então, o “flex” continua acima do limite de US$ 1,5, chegando a mais de US$ 2.
As outras montadoras que até agora admitiram que estão excedendo o flex são Volkswagen, GM e Fiat. Outras quatro montadoras disseram que não estão superando o “flex”: Ford, Honda, Toyota e Scania. As demais empresas, Mercedes-Benz e Renault, não deram uma resposta. (Estado de Minas/Agência Estado/André Ítalo Rocha)