“Carro sem motorista será parte do transporte público”, diz presidente do Moovit

O Estado de S. Paulo

 

O aplicativo Moovit é hoje um guia para as caóticas redes de ônibus, trens e metrô de grandes cidades, como São Paulo. Com o app de caronas Moovit Carpool, lançado há pouco mais de um mês na capital paulista, a startup quer atrair os motoristas interessados em dividir gastos da viagem entre casa e trabalho, todos os dias.

 

Para Nir Erez, presidente executivo do Moovit, porém, o Carpool é só o começo. “No futuro, vamos juntar três ou quatro pessoas com o mesmo destino em um carro autônomo”, diz o executivo, em sua sala na sede da empresa, em Tel-Aviv.

 

Isso não significa que o Moovit esteja desenvolvendo o próprio carro. “Chegamos tarde para isso”, diz Erez. A empresa aposta que, no futuro, será grande o suficiente para controlar o fluxo de passageiros em busca de transporte, uma inteligência que será vital ao poder público. “Em cinco anos, queremos ter 1 bilhão de usuários”, diz ele. Hoje, o Moovit tem 60 milhões de clientes.

 

Como será o futuro do transporte nas grandes cidades?

 

Hoje há duas opções de mobilidade: ter um carro ou usar o transporte público. Existe um terceiro caminho, com táxis e aplicativos como o Uber, mas isso representa menos de 10% das viagens feitas no mundo. No futuro, os carros autônomos, independentemente de quem operá-los, serão regulados pelas prefeituras e se tornarão parte do transporte público. O Moovit quer ser a plataforma pela qual as pessoas vão consumir mobilidade. Nosso desafio hoje é juntar motoristas e passageiros. No futuro, será juntar três ou quatro pessoas com o mesmo destino num carro autônomo. Se todo mundo andar em seu carro sem motorista, nunca resolveremos o problema do trânsito.

 

Metrô e trens vão existir?

 

Metrôs e trens podem transportar muito mais gente que carros e ônibus. As grandes distâncias serão cobertas por transporte público, mas as viagens até as estações poderão ser afetadas dramaticamente por carros autônomos. É por isso que as prefeituras precisam desempenhar um papel ativo, privatizando ou dando licenças para que empresas operem carros autônomos.

 

Como o Moovit vai faturar?

 

No futuro, compartilhamento de viagens será como uma comunidade de compra e venda: empresas oferecem viagens e pessoas compram essas viagens. Vamos pegar uma pequena comissão de cada uma delas, mas estamos falando de milhões de corridas no dia. Teremos um negócio milionário. Nosso foco em cinco anos é chegar em 1 bilhão de usuários. Há empresas que querem operar frotas de carros autônomos, mas não sabem nada sobre a demanda. Nós temos a demanda – e sabemos como ela se comporta todos os dias, até nos fins de semana.

 

O Moovit pretende desenvolver o próprio carro sem motorista?

 

Descobrimos que criar um carro autônomo é muito caro e já é tarde para nós. Desenvolver essa tecnologia será um desafio para montadoras. Queremos descobrir como operar frotas de forma sustentável e estamos fechando parcerias.

 

No Brasil, aprender a dirigir é um marco na vida das pessoas. Isso vai mudar no futuro?

 

No século 19, ter um cavalo era algo importante para a mobilidade e trabalho. Hoje, as pessoas ainda têm cavalos, mas ninguém cavalga na cidade. O mesmo vai acontecer com os carros. O transporte será eficiente e as pessoas vão achar outras formas de se expressar sem comprar carros. (O Estado de S. Paulo/Bruno Capelas)