Ônibus fecham semestre com queda de 7,25% nos emplacamentos

Diário do Transporte  

 

Longe de uma recuperação como esperado no ano passado, o setor de veículos registra dois cenários diferentes.

 

O segmento de veículos leves, contando particulares e comerciais, registrou de acordo, com a Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, alta de 4,25% entre janeiro e junho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

 

Em números absolutos, o percentual significa vendas de 991.475 veículos leves no primeiro semestre deste ano ante 951.098 do ano passado.

 

Mas a realidade do segmento de veículos pesados, em especial ônibus e caminhões, já não é tão otimista assim. Juntos os dois segmentos registraram neste semestre, ainda de acordo com a Fenabrave, queda de 13,8%.

 

As piores perdas foram em relação ao segmento de caminhões com queda de 15,6% do total de vendas. Entre janeiro e junho deste ano, foram comercializados 21.461 caminhões e em semelhante período do ano passado, 25.428.

 

As vendas de ônibus tiveram queda de 7,25% no primeiro semestre de 2017 em comparação a semelhante período de 2016.

 

Entre janeiro e junho deste ano, foram emplacados 6.464 veículos de transporte coletivo. Já no primeiro semestre de 2016, o total de ônibus emplacados foi de 6.969.

 

Um conjunto de fatores deve ser analisado para explicar esses números.

 

O primeiro deles é que carros são comprados pelas famílias, ou seja, demonstram a intenção do consumo, que pode ter uma elevação se forem confirmadas as perspectivas de alguns índices como crescimento do PIB e redução do desemprego até o final do ano.

 

Já ônibus e caminhões são comprados por empresas, o que se torna termômetro quanto à disposição de investimentos.

 

Os empresários ainda estão cautelosos e não confiam plenamente que os sinais de melhoria da economia venham se sustentar ou que sejam suficientes.

 

O aquecimento do nível de atividade econômica demanda ônibus e caminhões mais novos e em maior quantidade. Assim, se setores como agricultura, indústria, construção civil e atacado estiverem aquecidos, serão necessários mais veículos de grande porte para transportar mercadorias e atuar em obras ou lavouras, no caso dos caminhões e, atender trabalhadores e turistas, no caso de ônibus.

 

Mas há problemas específicos encontrados no setor de pesados como ainda as dificuldades de financiamento.

 

No caso de ônibus, por exemplo, somente depois de seis meses do lançamento oficial, é que saiu uma negociação com base no Refrota 17, uma linha destinada à compra de ônibus urbanos. Estão disponíveis com recursos do FGTS, R$ 3 bilhões. Apenas uma empresa de ônibus, a Suzantur de Mauá, até agora conseguiu parte desses recursos, em torno de R$ 30 milhões para compra de 100 chassis de ônibus. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/06/14/maua-deve-comecar-a-receber-os-100-novos-onibus-do-refrota-em-ate-quatro-meses/

 

Indefinições em relação a licitações de obras públicas e de sistemas de transportes também contribuem para que não haja segurança para realização de investimentos na compra de veículos de grande porte.

 

Em relação às marcas que mais se destacaram no mercado no acumulado do primeiro semestre, entre os automóveis a GM lidera com 18,36%, seguida da Volkswagen com 11,82% e da Hyundai com 10,79%.

 

Entre os comerciais leves, a liderança é da Fiat com 38,13%, a Volkswagen com 17,20% vem na segunda posição, a GM aparece em terceiro lugar 14,01%

 

Entre os veículos pesados, a Mercedes-Benz lidera no segmento de caminhões com 30,85%, seguida de Volkswagen com 23,6% e da Ford com 16%.

 

Ainda no setor de pesados, a Mercedes-Benz detém mais da metade das vendas de ônibus com 57,26% no primeiro semestre, seguida de Volkswagen, com 13,89% e de Iveco com 11,45%.

 

Perspectivas

 

Os números consolidados mostram uma realidade diferente entre veículos pesados e leves quadro que deve se repetir até o final do ano.

 

A estimativa para vendas de veículos leves em 2017 passou de 2,4% de crescimento para 4,3% de alta. Se este índice for confirmado, resultará em 2,017 milhões de unidades vendidas.

 

Em relação aos ônibus e caminhões a retração deve ser 10,2% no ano ante uma expectativa de 3,15% de alta, ou seja, inversão no cenário previsto.

 

A retração isolada para o mercado de caminhões deve ser no ano de 11,5% e de ônibus, de 5,5%. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)