Venda de veículos cresce 3,7% no semestre

O Estado de S. Paulo

 

As vendas da indústria automobilística no primeiro semestre, segundo dados do mercado, aumentaram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, com um total de 1.019,4 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Foi o primeiro resultado semestral positivo desde 2013.

 

O resultado traz um certo alívio para o setor, mas, na visão de analistas e de executivos da indústria, ainda é cedo para afirmar que já há uma retomada consistente do mercado, pois o cenário político ainda traz incertezas e o crédito para financiamento segue com restrições.

 

“Ainda há uma dificuldade em entender se o movimento é estrutural ou conjuntural”, diz Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, especializado no setor automotivo.

 

Segundo ele, as vendas diretas (das fábricas para locadoras, frotistas, etc) seguem fortes – no mês passado, representaram 42% dos negócios. No varejo (das lojas para os consumidores), houve impulso de compras com a liberação dos saques de contas inativas do FGTS.

 

Os dois fenômenos não devem se repetir neste segundo semestre, avalia Nishida. A liberação do FGTS termina neste mês e, no caso das vendas diretas, uma vez que tiverem renovado suas frotas, os chamados clientes especiais vão reduzir as compras nos próximos meses.

 

A projeção da LCA é de crescimento de cerca de 2% nas vendas totais de veículos neste ano em relação a 2016. A aposta da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de aumento de 4%, após quatro anos seguidos de queda.

 

Estabilização

 

Para o executivo de uma das grandes montadoras, há sinais de melhora no mercado, mas ele prefere tratar os resultados atuais como “uma estabilização”. Em sua avaliação, a questão política, a queda dos juros, que ainda não chegou ao consumidor, e a previsão de um PIB mais fraco que o previsto levam o setor a ver os números do semestre ainda com certa cautela.

 

Junho

 

No mês passado, as vendas de veículos novos praticamente ficaram estáveis em relação a maio, com queda de 0,3%, totalizando 194,9 mil unidades. Em relação a igual mês de 2016, houve alta de 13,5%.

 

A venda média diária aumentou 4,4% em junho, que teve 21 dias úteis, ante maio, com 22 dias úteis. No comparativo com junho do ano passado, que também teve 22 dias úteis, o crescimento foi de 18,9%.

 

Apenas no segmento de automóveis e comerciais leves, que corresponde a 97% das vendas totais das montadoras, o crescimento no semestre foi de 4,2%, para 991,6 mil unidades. Só em junho foram vendidas 189,2 mil unidades, das quais 42% foram vendas diretas. Essa categoria de negócios cresceu 10% no comparativo anual, enquanto as vendas no varejo aumentaram 2,8%.

 

Na quinta-feira, a Anfavea divulgará dados de produção, exportações e empregos no setor.

 

Usados

 

As vendas de automóveis, comerciais leves e veículos pesados (caminhões e ônibus) usados cresceram quase 10% de janeiro a junho, somando 5,2 milhões de unidades.

 

Segundo a Federação das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a maior alta ocorreu entre modelos com até três anos de uso, chamados de seminovos. Foram vendidas 2,8 milhões de unidades, 23,7% a mais ante o primeiro semestre de 2016.

 

Funcionários da Ford em Taubaté entram em greve

 

Funcionários da Ford em Taubaté (SP) iniciaram ontem greve por tempo indeterminado. Eles não concordam com a decisão da empresa de retomar escala intercalada de trabalho de segunda a sábado, com uma folga na semana, adotada antes da crise. A Ford afirma estar investindo mais de R$ 1 bilhão na unidade e que a confirmação desse plano depende de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos local para estabelecer a jornada especial. “A não implementação ameaça seriamente a competitividade da planta”, diz. A fábrica tem 1,5 mil funcionários e produz motores e transmissões para Ka, Fiesta e Focus e exporta para Argentina, México, Venezuela e Índia. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)