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As importações brasileiras de diesel saltaram no acumulado do ano até maio, registrando um recorde histórico em um período em que as vendas no mercado interno estão em baixa, indicando queda de participação de mercado da Petrobras.
Nos primeiros cinco meses do ano, as importações de diesel cresceram 60% ante o mesmo período do ano anterior, para o nível histórico de 4,44 bilhões de litros, apontaram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgados ao final da última semana.
Com a queda nos preços no mercado internacional e valores mais altos praticados pela Petrobras, outras empresas aproveitaram a oportunidade para elevar suas importações de combustíveis.
Em contrapartida, as vendas de diesel no mercado doméstico caíram 2% nos primeiros cinco meses do ano, para 21,6 bilhões de litros, devido à situação econômica do país.
Já em maio, as importações cresceram 20,8%, para 803,5 milhões de litros, enquanto as vendas de diesel avançaram apenas 2,5%, para 4,6 bilhões de litros.
Os dados, publicados pela ANP, ilustram os argumentos apresentados pela Petrobras, na última sexta-feira, para justificar uma revisão de sua recente política de preços, lançada em outubro de 2016.
A mudança, segundo a empresa, permitirá reajustes mais frequentes de valores de gasolina e diesel, como forma de buscar preços competitivos, colocando dificuldades para concorrentes ganharem mercado com o combustível importado.
Desde outubro, a empresa estava revisando pelo menos uma vez ao mês os preços do diesel e da gasolina, em resposta a uma antiga demanda de analistas que gostariam de ver a petroleira operar os valores dentro da lógica de mercado, deixando para trás a interferência histórica do governo neste segmento.
No entanto, ao longo dos últimos meses, a empresa avaliou que a frequência dos reajustes de preços não foi eficaz para acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados.
Segundo dados da Petrobras, as importações por terceiros deverão registrar em junho alta de 25%, para 1,2 bilhão de litros.
No caso da gasolina A (antes da adição de etanol anidro), as importações nos primeiros cinco meses do ano cresceram 120,7% ante o mesmo período de 2016, para 2,25 bilhões de litros, o maior volume para o período desde 2013.
Enquanto isso, as vendas de gasolina C (com a adição de etanol anidro) nos postos de gasolina cresceram 6,5% nos primeiros cinco meses do ano, para 18,649 bilhões de litros, diante de uma queda da competitividade do etanol hidratado, seu concorrente nas bombas. (Reuters/Marta Nogueira)