Reuters
A Ford Motor Co disse na terça-feira que vai transferir parte da produção do Focus para a China e importar os veículos para os Estados Unidos, em uma aposta de longo prazo em preços baixos do petróleo e relações comerciais estáveis entre os EUA e China, apesar das recentes tensões.
O movimento sugere que a China poderia desempenhar um papel muito maior na futura produção de veículos para a América do Norte, talvez eclipsando o México como uma fonte de produção de baixo custo.
A Ford pintou a mudança de produção do México para a China, prevista para meados de 2019, como um movimento puramente financeiro que gerará uma poupança de 500 milhões de dólares em custos.
Mas a Ford também espera enviar cerca de 80 mil veículos para a China este ano, incluindo o Lincoln Navigator redesenhado que entrará em produção neste outono na fábrica de caminhões Ford no Estado do Kentucky.
A decisão da Ford de importar seus primeiros veículos da China também é a primeira importante decisão de investimento em fabricação feita pelo novo presidente-executivo, Jim Hackett, que sucedeu Mark Fields em maio. A discussão sobre a mudança de produção de carros pequenos do México para a China começou “alguns meses atrás” sob Fields, disse Joe Hinrichs, presidente de operações globais.
A decisão também sinaliza uma mudança na estratégia da Ford, que está respondendo à diminuição da demanda de consumidores dos EUA por carros pequenos em favor de caminhões e SUVs mais caros e lucrativos.
Em janeiro, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, criticou a Ford por repassar a fabricação de automóveis pequenos ao México, a Ford disse que desistiria dos planos de construir uma planta para o Focus no valor de 1,8 bilhão de dólares em San Luis Potosi e, em vez disso, iria produzir o novo Focus em uma fábrica existente em Hermosillo.
“A decisão da Ford mostra o quanto as empresas multinacionais são flexíveis em termos geográficos”, disse o secretário de Comércio Wilbur Ross em um comunicado.
As vendas do Focus nos Estados Unidos caíram 22% este ano, já que os baixos preços da gasolina ajudaram a estimular a compra de veículos maiores. A pick-up da série F da Ford continua a ser o veículo mais vendido nos EUA por uma ampla margem. (Reuters/Paul Lienert e David Shepardson)