Renault reduz vendas de gastões para não pagar multa

Jornal do Carro

 

A Renault teve de reduzir as vendas de seus veículos que consomem mais combustível para não ter de pagar uma pesada multa ao governo. Isso porque a empresa é uma das que aderiram ao Programa Inovar-Auto em 2012 e se comprometeram a vender automóveis no mínimo 12% mais econômicos durante um determinado período de medição.

 

O cálculo da redução de consumo de combustível é linear e leva em conta todos os veículos emplacados, ou seja: trata-se de uma média geral, o que inclui carros econômicos e beberrões. As fabricantes que se mantêm dentro da meta recebem incentivo fiscal. Quem não atinge, paga multa.

 

Montadoras que conseguem alcançar 15,5% de economia obtêm um ponto porcentual de desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se a economia chegar a 18,8%, o desconto no IPI sobe para dois pontos porcentuais.

 

Nissan, Ford e Audi já obtiveram o bônus de um ponto porcentual, porque atingiram a meta de 15,5% de economia no período entre 2012 e 2016. Desde o início deste ano as três marcas estão recolhendo o imposto menor.

 

Não é o caso da Renault. Para não pagar multa, nos últimos meses a fabricante francesa vem fazendo contas diárias de suas vendas, para não ficar abaixo da meta.

 

A atual medição começou em outubro de 2016 e termina em setembro deste ano. A multa para não atingir os limites previstos no Inovar-Auto pode chegar a R$ 8 mil por veículo emplacado.

 

A Renault, que tem fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná, está pagando o preço por demorar a atualizar sua linha de produtos. A empresa francesa foi uma das últimas a lançar motor 1.0 de três cilindros no Brasil – no fim do ano passado, na dupla Sandero e Logan.

 

Kwid

 

Embora o Sandero tenha bons números de vendas, a Renault precisa de um outro modelo econômico com alto volume de emplacamentos, para compensar os que gastam mais (e também a saída de linha do Clio). Esse modelo será o Kwid, que deverá chegar em julho, trazendo o mesmo três-cilindros da dupla Sandero-Logan.

 

Fontes do mercado garantem que o Kwid partirá de R$ 29.990, o que o colocará entre os carros mais baratos do País. Com perspectiva de bom volume de vendas, o êxito do carrinho (caso se confirme) abrirá espaço para que a Renault possa ampliar a oferta de modelos como o Captur, que tem motor 2.0 e câmbio automático de quatro marchas, uma combinação que resulta em alto consumo de combustível.

 

Segundo fontes da Renault, essa é a razão do fraco início de vendas do novo utilitário-esportivo da marca. O Captur foi lançado no Brasil em fevereiro, mas apenas em maio conseguiu superar a marca de 1.000 unidades emplacadas por mês (foram 1.404, praticamente o dobro das 793 vendas em abril).

 

Coincidentemente, em maio o Sandero também registrou bom volume de vendas (8.699 unidades), número que o deixou muito próximo do Hyundai HB20, o terceiro mais emplacado do ranking geral. Isso reforça a tese de que o bom desempenho comercial de um modelo mais econômico possibilita o faturamento de automóveis mais gastões.

 

Resultado direto do programa Inovar-Auto, nos últimos anos diversas fabricantes trouxeram avanços para obter maior economia de combustível. É o caso dos motores de três cilindros, da injeção direta de combustível, adoção de turbo, sistema start&stop (que desliga e religa o motor automaticamente em paradas), etc.

 

Audi, Ford e Nissan já tinham motores eficientes no Brasil há muito mais tempo. O 1.4 da Audi (que equipa as linhas A3 e Q3) tem injeção direta e turbo, além de start&stop. O Ford Ka foi um dos pioneiros do mercado brasileiro a vir com motor de três cilindros. A Nissan oferece tricilíndricos em sua linha de produtos à venda no País desde 2015. (Jornal do Carro)