O Estado de S. Paulo
A indústria automobilística produziu 237,1 mil veículos em maio, 33,8% mais do que produzira um ano antes e 25,1% mais do que em abril. Mesmo produzindo muito mais, conseguiu vender tudo o que produziu, como mostra a estabilidade do estoque, que tanto em abril como em maio foi suficiente para atender às vendas de 33 dias.
Dos resultados animadores desse segmento – que durante bom tempo foi um dos símbolos da crise que atingiu a indústria de transformação nos últimos anos – se destaca em particular o das exportações. Com o embarque de 73,4 mil carros de passeios, utilitários leves, caminhões e ônibus – resultado 51,1% superior ao de um ano antes –, maio foi o melhor mês da história para as exportações das montadoras instaladas no País.
Nos cinco primeiros meses do ano, foram exportados 307,6 mil veículos, 61,8% mais do que foi embarcado para o exterior entre janeiro e maio de 2016. Em valor, as exportações dos primeiros cinco meses alcançaram US$ 6,04 bilhões, aumento de 52,7% sobre as de igual período de 2016.
Outro bom sinal foi dados pelas vendas, que tiveram aumento de 16,8% na comparação com maio de 2016. Na comparação dos cinco primeiros meses do ano, o aumento foi de 1,6%, pequeno, mas significativo, pois, como lembrou Antonio Megale, presidente da associação das montadoras, a Anfavea, desde 2014 o setor não registrava crescimento das vendas acumuladas ao longo do ano.
A queda da inflação e das taxas de juros decerto teve papel importante no desempenho da indústria automobilística, sobretudo no setor de automóveis e veículos leves. Em maio, também o setor de caminhões foi beneficiado pelo cenário econômico mais favorável.
Mas os dirigentes do setor não demonstram grande entusiasmo com esses resultados. Há razões para algum ceticismo. Embora importantes, os aumentos de produção e vendas registrados neste ano ocorrem sobre uma base de comparação muito deprimida. O mercado interno continua frágil, por causa da perda de poder de compra da população, e a indústria ainda opera com ociosidade superior a 50% – ou seja, não ocupa nem metade de sua capacidade instalada. Nas fábricas de caminhões, a ociosidade alcança 80%. Persistem incertezas quanto ao andamento das reformas e a crise política acentua as dúvidas quanto à evolução da economia. (O Estado de S. Paulo)