O Estado de S. Paulo
Com o aumento nos preços de produtos vendidos pelo Brasil ao exterior, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,661 bilhões em maio, melhor resultado para um mês da série histórica, iniciada em 1989. No acumulado do ano, o resultado positivo acumulado é de US$ 29,032 bilhões, também o maior para os cinco primeiros meses do ano da série.
O superávit expressivo foi alcançado com exportações que somaram US$ 19,792 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 12,131 bilhões. No mês, as exportações cresceram 7,5%, e as importações subiram 4%. No ano, a alta nas vendas foi de 18,5%, enquanto as compras do exterior aumentaram 8,4%.
O diretor do Departamento de Estatística do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Herlon Brandão, destaca que, no ano, houve alta nos preços dos produtos exportados de 19,7%, enquanto a quantidade vendida caiu 0,8%.
Ele ressalta a melhora nos preços internacionais de produtos como minério de ferro, produtos agrícolas e petróleo. “Nos primeiros meses do ano passado, os patamares de preços estavam baixos, por isso esse crescimento significativo”, explicou.
A melhora nos preços do petróleo, que em 2016 chegou ao menor patamar em dez anos, levou a superávit de US$ 2,652 bi- lhões na conta petróleo de janeiro a maio. No mesmo período de 2016, o déficit era de US$ 1,199 bilhão no comércio do produto.
Apesar de as importações terem crescido de janeiro a maio, no caso dos bens de capital, há queda de 19,4%, o que mostra que os industriais não estão comprando maquinário para expandir o parque produtivo. “Isso vem do quadro de recessão dos últimos dois anos. Como existe capacidade ociosa, o investimento demora a reagir.”
Brandão ressaltou o crescimento nas importações da Argentina em maio, de 20,1%, principalmente por causa de trigo, milho e cevada, sendo 8,1% nos cinco primeiros meses. As exportações para o país cresceram 21,7% em maio e 25,6% no acumulado, puxado pelo setor automotivo e máquinas agrícolas. O superávit no comércio entre os dois países chegou a US$ 3 bilhões de janeiro a maio.
Brandão destacou a contribui- ção das exportações para o crescimento do PIB no primeiro trimestre. As vendas de bens e serviços aumentaram 4,8%, acima de outros componentes do PIB, que cresceu 1%. Ele acredita que essa contribuição será menor nos próximos meses porque, no início do ano passado, os preços dos produtos exportados estavam baixos, o que reduziu a base de comparação. A previsão do governo para o ano é de superávit acima de US$ 55 bilhões. (O Estado de S. Paulo/Lorenna Rodrigues)