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A Fiat se prepara para retomar a liderança do mercado de compactos. O grupo está reforçando a oferta de modelos deste segmento e, para fugir da crise no País, a montadora aposta também nas exportações para a América Latina.
“Agora temos quatro produtos para retornar à liderança de mercado”, afirmou nesta quarta-feira (31) o diretor de produto da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e brand Fiat, Carlos Eugênio Dutra.
A marca acaba de lançar o compacto Argo, que vem para brigar com líderes de mercado como o Ônix, da General Motors (GM), e o HB20, da Hyundai. A projeção da FCA é atingir vendas mensais de 6 mil unidades do Argo.
No acumulado até abril, os cinco modelos mais emplacados do Brasil estão na categoria de compactos de entrada, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O Ônix lidera o ranking, seguido do HB20, Ka (Ford), Sandero (Renault) e Gol (VW).
“Na faixa de compactos, o consumo de combustível é o item mais importante para o consumidor [brasileiro] e nós oferecemos um produto extremamente econômico”, garante o diretor da FCA.
A Fiat foi líder de vendas por 14 anos consecutivos ao aliar as vendas de automóveis e comerciais leves. Contudo, no ano passado a montadora perdeu a liderança para a GM, que já vinha na frente com o Ônix.
Para o presidente do grupo na América Latina, Stefan Ketter, o Argo vem para reforçar ainda mais a imagem da Fiat tanto no Brasil quanto na América Latina. “O modelo é mais uma carta na nossa manga”, destacou o executivo.
Dutra estima que as vendas da Fiat no segmento de compactos devem somar aproximadamente 15 mil unidades por mês, sendo 3,5 mil tanto do Uno quanto do Mobi, e cerca de 2 mil unidades do Palio, que já foi o carro mais vendido do Brasil por anos.
Ele acrescenta ainda que o Argo, produzido em Betim (MG), também deve ser exportado. “Estamos estimando cerca de 10 mil a 12 mil unidades anuais para a Argentina, 8 mil para o México e este mesmo volume para demais países da América Latina” , ressalta.
Exportações
O presidente da FCA explica que o Brasil não tem um plano consistente de exportações. “Nos últimos dois anos, as vendas das montadoras ao exterior cresceram cerca de 50% ao ano, mas grande parte foi para Argentina. Não se trata de uma estratégia expressiva de exportações”, observa Ketter.
Para 2017, a FCA pretende exportar 42 mil unidades somente para o México, incluindo o Renegade, da Jeep. “Temos uma agenda de exportações importante”, comenta o executivo.
Ele acredita que uma meta “saudável” e “sustentável” de exportações para o Brasil gira em torno de 20% da produção total. “Hoje, o País precisaria duplicar suas vendas ao exterior. O Brasil tem uma chance única de se tornar líder em toda a América do Sul”, pondera.
Para tanto, Ketter avalia que o programa intitulado “Rota 2030” – que prevê uma nova política industrial para a indústria automotiva – é essencial para a competitividade dos carros brasileiros.
“Diferentemente de outros planos, o Rota 2030 partiu dos presidentes das montadoras, que elencaram os pontos mais relevantes para tornar a indústria automotiva brasileira verdadeiramente competitiva”, acrescenta Stefan Ketter.
Ele assegura ainda que as montadoras estão trabalhando de forma conjunta para resolver a situação difícil da cadeia de suprimentos.
“Somos a empresa que possui o maior índice de nacionalização do País e sabemos que há fornecedores que estão à beira do abismo”, conta Ketter. “Mas estamos avaliando, de forma integrada, as possíveis soluções para toda a cadeia”. (DCI/Juliana Estigarríbia)