O Estado de S. Paulo
O consumo aparente de bens industriais (a produção industrial doméstica mais importações e menos exportações) cresceu 2,6% entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Foi o segundo dado positivo seguido após uma longa fase de quedas. Embora tímido, o resultado indica fortalecimento do setor mais atingido pela recessão iniciada em 2014, da qual o País parece estar saindo.
Quando se comparam períodos de 12 meses, o consumo aparente industrial ainda está em queda, porém mais lenta (-8,5% em dezembro e -7% em janeiro). O resultado é atribuído pelo Ipea ao aumento de exportações. A intensidade da recuperação das vendas externas de manufaturados não é comparável à do passado distante, quando o Brasil saía das recessões via exportações, mas já é visível por dados do comércio exterior e análises privadas.
Entre 1.º e 19 de março, as exportações de manufaturados atingiram média diária de US$ 311 milhões, alta de 11% em relação a igual período de 2016, favorecida pelas vendas de automóveis de passageiros, óleos combustíveis, veículos de carga, tubos flexíveis de ferro e aço, hidrocarbonetos e derivados. O fraco desempenho das importações de bens industriais afeta negativamente o consumo aparente de manufaturados, mas há outros indícios positivos.
Entre 2015 e 2016, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), houve um crescimento de 1,4% nas exportações de manufaturados. O avanço dessas vendas em 2017 tende a ser mais robusto. Não se trata de recuperação dos segmentos industriais de maior intensidade tecnológica (e, portanto, que permitem maiores ganhos para as indústrias), mas de segmentos industriais de baixa intensidade tecnológica, como têxteis, vestuário, calçados e artigos de couro. Não é o ideal, mas o possível.
O Ipea ressalva que os resultados das grandes categorias industriais ainda são heterogêneos, destacando-se, por exemplo, o avanço da produção de bens intermediários, como matérias-primas processadas e usadas na produção de outros bens. O segmento de bens de capital, cuja melhora definiria uma retomada, ainda opera em ritmo insatisfatório. (O Estado de S. Paulo)