O Estado de S. Paulo
A fabricante de chips Intel disse que concordou em comprar a startup israelense Mobileye, responsável por uma tecnologia de colisão e detecção de espaço de carros autônomos. O negócio, avaliado em US$ 15,3 bilhões, é o maior da história no setor de carros sem motorista, e coloca a tradicional companhia norte-americana em uma posição de destaque nesse mercado, depois de perder espaço com a queda nas vendas de PCs e o fracasso em vender semicondutores para smartphones.
No acordo, anunciado nesta segunda-feira, a Intel concordou em pagar US$ 63,54 por ação da Mobileye – após o anúncio, as ações da startup israelense subiram cerca de 30%, chegando a US$ 61,51 no mercado norte-americano. Já as ações da Intel caíram cerca de 1,3% no início do pregão desta segunda-feira, 13. A transação ainda aguarda aprovação das autoridades regulatórias e deve ser concluída nos próximos meses.
Olhos e cérebro
Para Brian Krzanich, presidente executivo da Intel, a transação será responsável por unir “os olhos do carro autônomo com o cérebro inteligente que de fato dirige esse carro”. Segundo comunicado, a Intel vai integrar sua divisão de direção autônoma com as operações da Mobileye – a unidade será comandada por Amnon Shashua, presidente do conselho da Mobileye, diretamente de Israel.
Para analistas, o acordo é um exemplo das recentes e crescentes alianças entre fabricantes de carros e seus fornecedores, na corrida para criar o carro autônomo. Conhecida por fabricar chips para hardware, a Intel cria agora um portfólio que inclui câmeras, chips para sensores, internet para carros, mapeamento de estradas, aprendizado de máquina e computação em nuvem. “É uma área em que a Intel estava pouco presente até agora: o mercado automotivo. É uma tremenda oportunidade, especialmente porque ele deve crescer muito”, disse Betsy Van Hees, analista da Loop Capital Markets. Segundo estimativas da própria Intel, é um setor que deve valer até US$ 70 bilhões em 2030.
Fundada em 1999, a Mobileye tem hoje 70% do mercado global de sistemas anti-colisão e de auxílio a motorista. Hoje, a Mobileye fabrica câmeras, chips e software para sistemas de auxílio a motoristas para mais de doze fabricantes de carros. e tem 660 empregados. A empresa era fornecedora da Tesla, até que, no ano passado, o motorista de um Tesla Model S morreu depois de usar o sistema de piloto automático do veículo. Segundo comunicado, a relação da Mobileye com seus clientes continuará a mesma após a aquisição, bem como a estratégia da empresa para o futuro.
Batalha
Hoje, as duas empresas já são parceiras da fabricante alemã BMW em um projeto que quer por nas ruas cerca de 40 carros autônomos até o segundo semestre de 2017. Além disso, as empresas já se uniram para criar a quinta geração de chips da Intel voltados para carros autônomos – a previsão é de que o produto chegue ao mercado até 2021.
A união das duas empresas, porém, é um reflexo das movimentações do mercado: em outubro de 2016, a fabricante de chips Qualcomm – uma das principais rivais da Intel – anunciou a aquisição da NXP, principal fabricante de chips para carros, por US$ 47 bilhões. O negócio, cuja conclusão é esperada para o fim de 2017, vai criar o maior portfólio do mundo para elementos vitais para o carro autônomo. (O Estado de S. Paulo)