Car and Driver Brasil
A Renault adora trocar os motores de Logan e Sandero. Nos últimos cinco anos, os dois modelos receberam sucessivas mudanças debaixo do capô. Quando estrearam no Brasil, em 2008, tinham um 1.6 16V chamado de Hi-Flex, devidamente aposentado em 2014. Na linha 2013, o 1.6 8V, então batizado de Hi-Torque, ganhou melhorias e o carimbo Hi-Power. Agora, a nova geração de motores atende pelo nome SCe (Smart Control Efficiency).
“Esses motores terão seu lançamento mundial no Brasil e depois vão para a Europa”, afirma Marcio Melhorança, gerente de motores da aliança Renault-Nissan. Trocando em miúdos: ambos deverão chegar em breve aos modelos da Nissan comercializados no Brasil. É uma boa notícia, considerando o que sentimos depois uma semana dirigindo o Logan 1.6.
Com comando variável de válvulas apenas na admissão, o novo motor – que voltou a ter 16 válvulas – ganhou mais potência, de 106 cv para 118 cv com etanol no tanque. O salto com gasolina foi ainda maior: de 98 cv para 115 cv. O torque é de 16 mkgf.
Se a potência aumentou, o consumo diminuiu. É o que garante a Renault, ao dizer que o Logan está 21% mais econômico. Assim, o sedã roda 8,8 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada (com etanol) e 13 km/l e 13,8 km/l, respectivamente, com gasolina no tanque.
Logan
Parecem números anabolizados, porque na vida como ela é o computador de bordo não mostrou nada acima de 6 km/l no uso predominantemente urbano, velocidade constante e com poucos trechos de quinta marcha. E isso com o start-stop ligado o tempo todo. Novidade da linha 2017, o dispositivo não chega a imitar um búfalo relinchando cada vez que religa o motor, mas pede alguns ajustes.
Segundo a Renault, o Logan demora 9,9 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h. Aí sim, um desempenho mais realista. Pela primeira vez na sua história, ele incita o motorista a acelerar. Até porque o funcionamento áspero dos antigos motores deu lugar a um comportamento mais suave. O sedã desperta a partir de 3.000 rpm e passou a ter, quem diria, um ronco mais encorpado.
O novo motor, sejamos honestos, é bom e o design já havia sido resolvido dois anos atrás – não precisa, por enquanto, de retoques. Apesar dessas virtudes, é difícil imaginar alguém, numa conversa de bar, dizer aos amigos. “Estou decidido a comprar um Logan”.
Impregnado
Na próxima atualização, a Renault bem que poderia canalizar seus esforços na parte de dentro. Porque ao entrar no carro, você tem a sensação de que pagou R$ 30 mil por ele, e não os R$ 52.750 cobrados. Os plásticos espalhados em toda a cabine não incomodam tanto quanto o cheiro, sabe-se lá do que, sempre impregnado no interior.
Os bancos são curtos e o volante tem a pegada de uma roda de caminhão. Se dependesse do convite a trocas de marcha, faríamos uma viagem sempre em primeira. E embora não faça sentido levar copinhos de tequila, é só o que os porta-copos conseguem segurar. Tudo bem que a gênese do Logan é ser um sedã barato. Passou da hora, porém, de aprimorá-lo em todos os sentidos – e não só os motores. Ao menos o caminho está correto. (Car and Driver Brasil)