Carros ganham sistemas de voz mais precisos

O Estado de S. Paulo

 

De vez em quando, Kevin Smith-Fagan tentava ligar para sua amiga Priscilla usando o sistema de reconhecimento de voz no seu Chevrolet Volt. “Tentei muitas vezes e nunca deu certo”, disse Kevin, executivo de uma TV pública na Califórnia.

 

Os sistemas de controle de voz já existem nos carros há mais de dez anos, mas grandes avanços foram feitos na capacidade da tecnologia de compreender a fala humana. Muitas pessoas, porém, ainda acham esses sistemas enervantes e até pouco confiáveis. Isto, no entanto, não impediu as empresas de tecnologia e montadoras de tentar oferecer a possibilidade de fazer mais coisas falando com seu carro.

 

Esta semana, na CES, a Ford anunciou que alguns carros da marca serão integrados com a Alexa, assistente pessoal da Amazon. Os motoristas poderão, por voz, pedir informações sobre o tempo, trocar a música no rádio ou adicionar compromissos na agenda. E poderão usar o Alexa em casa, para dar partida ou destravar seu carro remotamente.

 

Mas o plano da montadora é que os motoristas utilizem a Alexa para outras tarefas – como fazer compras no site da Amazon. Preso no trânsito? Você pode ter uma ajuda no Dia dos Namorados pedindo para Alexa “encomendar flores na Amazon”.

 

Outras companhias estão no mesmo caminho. O software CarPlay, da Apple, permite que motoristas ditem mensagens de texto, por exemplo. O Google Android Auto, por exemplo, também já faz a mesma coisa em carros com o sistema.

 

No ano passado BMW, Mercedes Benz e General Motors também lançaram sistemas de reconhecimento de voz mais aprimorados em seus carros, que entendem comandos de voz diversos – sistemas mais antigos exigiam comandos específicos.

 

Nos modelos mais recentes, o motorista pode programar um destino fornecendo o endereço como se estivesse falando para outra pessoa. Nos carros mais velhos, era preciso informar, separadamente, o Estado, a cidade e a rua. Com sorte, cada um deles era entendido corretamente.

 

Barreira

 

Embora sistemas mais avançados, como a Alexa, facilitem o uso dos comandos de voz, ainda há alguns problemas. O maior deles é convencer as pessoas a conversar com o carro. O americano Frank Krieber comprou um Dodge Challenger com a versão mais recente do sistema Unconnect Infotainment. Alguns dias depois, quando fez uma viagem à Flórida, ele sincronizou seu telefone com o carro, mas não usou os recursos de reconhecimento de voz para dar o destino ou realizar outras tarefas.

 

“Eu deveria usar, mas foi mais fácil colocar o endereço manualmente”, disse Krieber, executivo de vendas de uma empresa. “Até agora, quando digo para o carro fazer alguma coisa, ele não faz o que quero”.

 

Segundo Don Butler, diretor executivo da Amazon, a vantagem de usar a Alexa é o fato de ela reconhecer linguagem quotidiana. “Você pode perguntar onde fica o Starbucks mais próximo e ela programa o endereço no sistema de navegação”, explica.

 

Mercado

 

Para a Amazon, a colaboração com a Ford é um exemplo do esforço das gigantes da tecnologia para introduzir assistentes de voz para desempenhar tarefas simples, como ligar as luzes em casa ou tocar música. Tudo começou com a Apple, que começou com a Siri para iPhone. Agora, o Google tem o Assistant e o Home. E a Samsung comprou a Viv Labs, que desenvolve assistentes.

 

Para analistas, porém, a Amazon está numa posição de liderança nessa corrida. Tudo por conta do Echo, uma caixa de som integrada com a Alexa. Embora a companhia não revele dados das vendas dos seus aparelhos, recentemente declarou que o aparelho foi um dos produtos mais vendidos no ano passado. (O Estado de S. Paulo/Tradução de Terezinha Martinho)