Carplace
A Fiat tem no novo Tipo sua melhor oportunidade de ganhar espaço entre os médios. Pelo que vimos ao vivo no Salão de Paris, o carro é bonito, bem acabado, espaçoso e tem porte imponente – coisa que faltava ao Linea. Uma pena que o mercado brasileiro em baixa deve fazer com que a marca não o traga para cá, pelo menos não num futuro próximo…
A questão é toda sobre investimentos: vale colocar grana num modelo que talvez não emplaque no Brasil? Todos sabemos que o segmento de sedãs médios por aqui é dominado pelos japoneses, e que não seria nada fácil para a Fiat posicionar o Tipo contra Civic e Corolla. Mas, pensando na estratégia adotada na Europa, onde ele custa menos que quase todos os rivais diretos, a ideia nos parece viável.
O Tipo parte da plataforma small wide utilizada no Brasil pelo Jeep Renegade e pela Fiat Toro, modelos com boa escala de produção. Além disso, ele tem projeto mais simples, trazendo, por exemplo, eixo de torção na traseira – mais barato que o sistema independente do Renegade. Poderia também usar o conjunto mecânico dos utilitários, composto pelo motor 1.8 16V e o câmbio automático de seis marchas, que lhe garantiria bom desempenho sem, novamente, custar caro – por se tratar de um powertrain já existente.
Medindo 4,52 m de comprimento por 1,72 m de altura e com entre-eixos de 2,63 m, o Tipo sedan é um pouco menor que os atuais Civic e Corolla, mas não fica devendo em termos de espaço interno e porta-malas: leva 520 litros de bagagens e acomoda quatro adultos de 1,80 m sem apertos. O acabamento remete ao Renegade, com muitas teclas e comandos em comum, além do painel com a parte superior de espuma injetada, macia ao toque. Volante, ar-condicionado e manopla do câmbio também são as mesmas.
Como no antigo Marea, o novo Tipo também se desdobra nas versões hatch e perua – desta vez todos com o mesmo nome. Estratégia da Fiat brasileira, porém, é investir no compacto X6H, que terá inspiração visual no Tipo, e depois num crossover compacto abaixo do Renegade. O que não muda o fato de que o Tipo seria o Fiat médio com mais chances de sucesso por aqui desde o Tempra. Quem sabe se os ventos da economia brasileira soprarem a favor mais adiante? (Carplace/Daniel Messeder)