UOL Carros
Desde que foi mostrado como conceito, no Salão de Frankfurt do ano passado, o Toyota C-HR despertou enorme curiosidade. Afinal, é o representante de uma marca conceituada no principal filão do mercado automotivo global, o de SUVs compactos. O C-HR ainda parece ser feito sob medida (até no nome em sigla) para encarar o modelo da rival Honda, o HR-V. Você pode ver o crossover C-HR em detalhes aqui neste vídeo.
Pois no Salão de Paris 2016, o ousado crossover surge como modelo real, com direito a muitas unidades espalhadas pelo estande da marca – todas sempre muito concorridas e constantemente cheias de gente.
Mais: ele já está à venda na Europa (e também está em pré-venda na Austrália). Na França parte de 22.800 euros (R$ 82 mil limpos). O HR-V parte de pouco mais de 21 mil euros.
Esse aparente sucesso de público do C-HR em Paris mostra haver potencial na disputa contra disputando HR-V, Jeep Renegade, Nissan Kicks e afins.
E o Brasil?
Por enquanto a divisão brasileira da fabricante desconversa, mas UOL Carros teve a oportunidade de conhecer melhor o modelo e acredita que ele sua chegada ao mercado brasileiro atual é uma ideia irrevogável.
A lista de equipamentos do C-HR europeu é bastante realista em relação ao que seus rivais já oferecem no Brasil. E há aquele “algo a mais” em termos de tecnologia que faria diferença em seu favor.
Nas versões de topo se destacam: abertura das portas e partida do motor com chave inteligente; conjunto óptico com projetores, luzes diurnas e lanternas de LED; ar-condicionado automático digital com duas zonas de resfriamento; assistente de estacionamento; controle de cruzeiro com limitador de velocidade; computador de bordo digital em tela digital colorida de 4,2 polegadas; volante multifuncional; e sistema de som premium da grife JBL com oito alto-falantes.
Civic fez escola?
Visual externo é carregado de futurismo: dá para falar que o C-HR é o modelo mais interessante da Toyota no momento.
Faróis e lanternas possuem efeito tridimensional e levam o padrão de design “Estilo Arrojado” (“Keen Style”), que a Toyota inaugurou com o Corolla atual, ao limite. De fato, foi tão além que as lanternas projetadas da carroceria e em forma de gancho lembram muito, muito, a peças do novo Honda Civic.
Outra semelhança com a Honda está na linha de cintura elevada e portas traseiras que se escamoteiam na coluna C – tais quais as do HR-V. Diferença apenas na maçaneta ao estilo “puxador”, como de alguns esportivos.
Teto recebe acabamento em tom preto brilhante, contrastando com o restante da pintura, em solução que está sendo adotada pelo Nissan Kicks.
Mas há extravagâncias originais da Toyota e que mostram personalidade: rodas de liga leve aro 18 são bem esportivas (ainda que muito grandes para nosso asfalto atribulado); bancos semi-esportivos têm abas bem proeminentes e oferecem bom espaço aos ocupantes – por outro lado, roubam espaço para pernas na fileira traseira.
Acabamento é primoroso e feito à europeia: linhas do painel são limpas, mas sem cair no clichê “oitentista” de Etios, Corolla e Hilux. Boa parte dos revestimentos são suaves ao toque e a Toyota, surpreendentemente, brinca com texturas, formas das guarnições das portas, assentos, forro de teto e ainda combina faixas coloridas internas com a pintura externa.
Tudo isso cabe em uma receita brasileira com pouquíssimas adaptações.
Motorização
Na Europa e Ásia, o C-HR prevê uso do motor de quatro cilindros, 1.2 turbo a gasolina, com 115 cavalos, acoplado à transmissão manual de seis marchas ou automática CVT – aliás, este é o trem-de-força padrão para modelos médios da Toyota e deverá ser usado também pelo novo Corolla.
Há ainda opção híbrida do Prius (1.8, 122 cv) e possibilidade de uso de motores 2.0 em alguns mercados (sim, como o motor usado no Corolla brasileiro, de 153 cv).
Barreiras
O principal entrave ao C-HR para o Brasil está nos custos. O SUVinho é feito sobre a novíssima plataforma modular TNGA, compartilhada por enquanto apenas com o Prius, mas que também dará origem ao novo Corolla.
Neste momento, não há qualquer indicação por parte da Toyota do Brasil, mas todos sabemos que o projeto da nova geração do Corolla surgirá em algum momento até o final da próxima temporada e sua fabricação local será inevitável, com todos os movimentos do segmento de sedãs médios.
Também é fato que a Toyota não pode se manter alheia ao nicho dos SUVs compactos, onde a rival Honda divide a coroa com a Jeep e de onde muitas fabricantes tiram o sustento no atual momento econômico.
Tudo isso mostra que ter a plataforma TNGA localmente é apenas questão de tempo – e que seria um excelente movimento antecipá-la com o C-HR. Ainda que a Toyota desconverse neste momento – o próximo capítulo desta trama deve ser escrito em novembro, no Salão o Automóvel de São Paulo. Fiquemos ligados! (UOL Carros/Leonardo Felix)